Cerca de um milhão de pessoas em 18 estados brasileiros e no Distrito Federal vivem em risco de contrair a esquistossomose, popularmente conhecida como barriga d’água, xistose e doença do caramujo. Mesmo diante desse cenário traçado pelo Ministério da Saúde, ela está no grupo das chamadas doenças negligenciadas. Ou seja, que possui baixo investimento em pesquisa e, em geral, afeta as populações mais pobres, que moram em locais sem saneamento básico.
Em busca de novos tratamentos para a doença que, segundo a Organização Mundial de Saúde, afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, em parceria com instituições britânicas, lideram um estudo que abre portas para o desenvolvimento de protocolos avançados para enfrentar esta infecção causada pelo parasita Schistosoma mansoni.
Líder do estudo, o chefe do Laboratório de Bioquímica Experimental e Computacional de Fármacos do Instituto Oswaldo Cruz, Floriano Paes Silva Júnior, ressalta a importância de desenvolver novos medicamentos. A importância desse estudo não para por aí. Segundo Floriano, atualmente existe apenas um medicamento disponível no mercado. E a descoberta brasileira, que tem como alvo a proteína conhecida como TGR, possibilita ampliar as formas de tratamento.
A transmissão da esquistossomose por pessoas infectadas acontece através da liberação de ovos do parasito nas fezes. Se os dejetos são lançados na água, os ovos eclodem, liberando larvas, que infectam os caramujos. Dentro destes animais, as larvas adquirem a forma de cercárias, que são liberadas na água e podem infectar os seres humanos, penetrando através da pele. Os principais sintomas da doença são: febre, dor de cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular e tosse. A esquistossomose possui baixa letalidade e as principais causas de morte estão relacionadas às formas clínicas graves, que levam ao aumento do baço, hemorragia digestiva e hipertensão pulmonar.