Fundação do câncer lança campanha contra os cigarros eletrônicos
Mesmo com a venda proibida no Brasil, um em cada cinco jovens de 15 a 24 anos já experimentou ou faz uso dos cigarros eletrônicos, os chamados vapes. Isso significa mais de um milhão de pessoas consumindo altos níveis de nicotina, além de uma lista de várias outras substâncias tóxicas.
É para frear esse hábito, que a juventude transformou em moda, que a Fundação do Câncer lançou nesta quinta-feira (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, um movimento contra os dispositivos eletrônicos.
A campanha tem por base um estudo sobre tabagismo e câncer de pulmão produzido pela entidade. O consultor médico da Fundação, Alfredo Scaff, avalia que os dados são alarmantes, pois revelam um aumento no uso do cigarro eletrônico, principalmente entre estudantes da classe média, enquanto o consumo do cigarro convencional está diminuindo.
Outro alerta é que as mulheres estão morrendo mais que os homens por câncer de pulmão provocado por tabagismo. O aumento é de 2%, contra uma queda de 1% da mortalidade masculina pela doença.
“Essa tendência é um alerta, pois os efeitos a longo prazo do uso desses dispositivos ainda não são conhecidos. No entanto, já sabemos que eles contêm altas concentrações de nicotina, o que pode levar a uma dependência mais intensa e mais rápida, além de ser uma possível causa de elevação dos casos de câncer de pulmão no futuro.”
Com o slogan “se liga na vida, seja um vape off”, o movimento está nas redes sociais, com a participação de artistas e influenciadores digitas. A campanha vai entrar também nas escolas e universidades, com a exibição de vídeos educativos e debates reunindo alunos e professores.
Crítica enfática dos dispositivos de tabaco aquecido, a médica Margareth Dalcolmo, especialista em doenças respiratórias e presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia, reiterou que os cigarros eletrônicos são uma das invenções mais infelizes do homem.
Ela disse que tem pacientes de 14 a 23 anos, usuários de vapes, com danos pulmonares nos padrões de uma pessoa de 80 anos que fuma cigarros convencionais.
“Eu acho que toda a nossa política de educação e esclarecimento, sobretudo para essas faixas etárias, é crucial neste momento. A regulamentação estabelecida no Brasil desde 2009 pela Anvisa, ratificada em 2024 com a chancela de todas as sociedades médicas, do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina, deve ser mantida. Cabe aos órgãos fiscalizatórios fazer o recolhimento das entradas ilegais e de contrabando de maneira inadequada no Brasil.”
Dalcolmo lembrou que a Bélgica, onde a venda dos vapes foi liberada, já voltou atrás e determinou a proibição a partir de 1º de janeiro de 2025