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Saúde

Estudo constata presença de agrotóxico em alimentos ultraprocessados

Idec analisou 27 alimentos e encontrou agrotóxico em quase 60% deles
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Nathalia Maciel - Estagiária da Rádio Nacional*
17/02/2025 - 16:06
Brasília
Trabalhador do campo usa pesticida e agrotóxico em plantação.
© Reuters/Davi Pinheiro/Direitos reservados

Um estudo conduzido pelo Idec, o Instituto de Defesa do Consumidor, analisou 27 alimentos ultraprocessados e constatou que 59,3% deles continham resíduos de pelo menos um tipo de agrotóxico.

O glifosato, substância considerada um provável carcinógeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer, da Organização Mundial da Saúde, foi o agrotóxico mais encontrado, presente em sete das amostras testadas. Amplamente utilizado no Brasil e em outros países, o glifosato é utilizado principalmente para o controle de plantas invasoras nas lavouras agrícolas.

A pesquisa Tem Veneno Nesse Pacote investigou seis categorias de alimentos, como refrigerantes, salgadinhos, biscoitos de água e sal, biscoitos recheados e pães de trigo. Segundo a Idec, a presença de agrotóxicos em alimentos destinados ao público infantil é uma preocupação. Além disso, ao analisar produtos que são a base de plantas, os pesquisadores também encontraram resíduos de agrotóxicos em hambúrgueres e alimentos empanados à base de vegetais.

A coordenadora do Programa de Consumo Sustentável do Idec, Júlia Catão Dias, destacou, em entrevista, que o consumo de ultraprocessados pode levar a diversos problemas crônicos de saúde, como diabetes, hipertensão e obesidade. Ela também ressaltou que a presença de agrotóxicos intensifica a preocupação com a saúde da população.

"A gente fala muito sobre a presença de agrotóxicos nos alimentos in natura, nas verduras, nos legumes e etc. Mas até esses alimentos ultraprocessados, que passam por uma série de processos industriais, eles continuam com a presença dessas substâncias que são super problemáticas".

Em nota enviada à Rádio Nacional, a Anvisa explicou que as evidências científicas disponíveis até o momento não indicam que o glifosato cause efeitos à saúde humana, que justifique a proibição do seu registro no Brasil. A agência ainda acrescentou que os produtos podem conter resíduos das matérias-primas utilizadas e que estabelece limites para a quantidade permitida desses resíduos em vegetais que compõem os alimentos ultraprocessados, com base nas boas práticas agrícolas.

Segundo a Anvisa, também é impossível definir limites específicos para cada marca de alimento ultraprocessado, devido à grande diversidade de ingredientes e produtos.

*Com supervisão de Rafael Gasparotto.

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