Estudos mostram que reclamar influencia saúde física e mental
Você é uma pessoa que reclama muito? Segundo especialistas, esse hábito pode trazer consequências sérias para a saúde mental e física. A reclamação pode levar a uma redução dos neurotransmissores essenciais para o bem-estar, como a dopamina e a serotonina, e dificultar a capacidade de ver as situações de forma mais otimista.
Para a especialista em neurofeedback e membro do Instituto BrainEstar, Emily Pires, fatores sociais e econômicos interferem nos graus de reclamação e pessoas em condições socioeconômicas mais vulneráveis são mais afetadas em sistemas específicos de respostas emocionais.
"Diferentes realidades socioeconômicas influenciam significativamente como as pessoas percebem e expressam insatisfação ou reclamações. Esses estudos neurocientíficos mostram que o estresse crônico, associado a condições socioeconômicas desfavoráveis, afeta a função do sistema límbico, particularmente da amídala e do hipocampo, regiões que são relacionadas a respostas emocionais e à memória".
Por outro lado, inúmeras situações da rotina também influenciam essa ação, como conta a professora Ana Letícia.
"Eu reclamo bastante principalmente por conta do transporte público, porque eu moro muito longe de tudo, eu moro em uma parte bem escondida da zona oeste, então para qualquer compromisso que eu tenha, para ir para a faculdade, para trabalhar, para resolver algum problema, eu levo pelo menos de duas a três horas no transporte público, faço pelo menos duas baldeações. Então, isso é uma coisa que acaba me gerando muito estresse, porque, por exemplo, nos dias de calor não tem ar-condicionado direito, então eu passo muito calor, passo mal, passo aperto, porque os transportes sempre estão cheios. Então eu reclamo principalmente por conta disso e pelo tempo também que eu perco do meu dia só nesses trajetos, né".
Ainda segundo a especialista, práticas para fortalecer a concentração, exercícios físicos regulares e manter um sono de qualidade são fatores essenciais para reduzir os níveis de estresse.
"Prática de mindfulness, que é aquela concentração, aquela meditação direcionada, concentrada, isso ajuda muito, que é você entrar em contato com aquilo que você precisa fazer, concentrar, associado a exercícios de respiração, isso é muito positivo. Exercício físico regular, isso aumenta muito a liberação de neurotransmissores, tais como serotonina, dopamina, né, ele ajuda a aumentar esses neurotransmissores nas fendas sinápticas, que acontecem dentro do cérebro. O sono é importantíssimo, pois ele regula o funcionamento do eixo hipotálamo, hipófise e adrenal. Então ele reduz essa hiperatividade muitas vezes da amígdala, que fica muito reativa ao sistema de luta e fuga, gerando muita ansiedade. Ele acaba regulando isso, então esse eixo fica mais equilibrado. Então, o sono é de fundamental importância para qualquer resposta de saúde mental".
*Com supervisão de Luana Major