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Segurança

Mais de 80% dos estupros de vulnerável de SP aconteceram em casa

O número supera a média de anos anteriores, segundo levantamento
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Eliane Gonçalves
02/12/2020 - 19:45
São Paulo

Mais de 8 a cada 10 casos de estupro de vulnerável registrados em São Paulo aconteceram em casa.

No primeiro semestre de 2020, quando começou o período de distanciamento social em função da pandemia de coronavírus, 84% dos estupros de vulnerável registrados pela polícia civil do estado aconteceram na casa das vítimas. Em maio essa proporção chegou a 88%. Os números superam a média de anos anteriores, que já era alta: 79%.

Para chegar a essa conclusão, o Ministério Público, o Instituto Sou da Paz e o Unicef analisaram os boletins de ocorrência de estupro de vulnerável registradas pela Polícia Civil em São Paulo entre janeiro de 2016 e junho de 2020.

O estupro é enquadrado como de vulnerável quando a vítima tem menos de 14 anos, tem algum tipo de deficiência ou, por alguma razão, não pode oferecer resistência à violência, como em caso de embriaguez.

Na verdade, durante a pandemia o número total de registros desse crime caiu. Em abril , a queda foi de 36,5% comparado com abril do ano passado. Em maio, a queda foi de praticamente 40%. Mas quem explicou que isso não significa que a violência diminuiu foi a coordenadora de Projetos do Instituto Sou da Paz, Cristina Neme.

Segundo ela, com escolas, centros de convivência e cursos extracurriculares fechados, as crianças perderam seus principais canais de denúncia.

O relatório divulgado nesta quarta-feira também traz o perfil das vítimas. 83% delas eram meninas de até 13 anos de idade. E, quando a vítima é um menino, a maior parte são crianças entre 4 e 5 anos. Em mais de 7 a cada 10 casos em que foi registrado o tipo de vínculo entre a vítima e o agressor, eles tinham algum grau de parentesco.

A recomendação do estudo é que conselhos tutelares, polícia e o sistema de justiça estejam preparados para perceber o problema e consigam intervir sem expor ou revitimizar quem já está exposto à violência. O estudo também chama a atenção da responsabilidade dos governantes em oferecer atendimento, desenvolver campanhas de sensibilização e ampliar canais de denúncia.

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