MP cria força-tarefa para investigar mortes no Jacarezinho
O Ministério Público do Rio de Janeiro anunciou nesta terça-feira (11) a criação de uma força-tarefa para apurar as mortes ocorridas na semana passada, durante uma operação policial contra traficantes na favela do Jacarezinho, zona norte da capital fluminense. A ação, considerada a mais letal do estado, deixou 28 mortos, incluindo o inspetor da Polícia Civil André Frias, baleado na cabeça no momento em que chegava à comunidade.
Além das circunstâncias das mortes, o procedimento vai investigar denúncias de abuso feitas por moradores, tentativas de homicídio contra policiais civis e dois passageiros, feridos dentro de um trem que passava pela região no momento do confronto. O MP também vai apurar a eventual remoção de corpos do local, o que caracteriza fraude processual.
O Ministério Público já começou a ouvir parentes e testemunhas para saber se houve excesso por parte das forças de segurança.
Durante coletiva de imprensa, o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, explicou que as conclusões do trabalho devem ser apresentadas dentro do prazo de 4 meses.
A força-tarefa será coordenada pelo promotor de Justiça André Cardoso. Ele informou que aguarda o resultado das autopsias e laudos periciais para dar andamento ao trabalho, que pretende apurar, inclusive, indícios de execução.
A Polícia Civil nega que tenha havido excessos e execuções, sustenta que os mortos eram ligados ao tráfico de drogas e vinham aliciando crianças para o crime.
A ação, no entanto, tem sido questionada por organizações de direitos humanos e moradores do Complexo do Jacarezinho.