Dados levantados pelo Instituto Fogo Cruzado, plataforma que produz dados sobre a violência armada, mostram que o número de ocorrências de tiros ao redor do estado de São Januário em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro, são equivalentes aos números verificados nas proximidade do Maracanã, também na Zona Norte.
Nos dois locais foram feitos 22 registros de tiro este ano. Já no estádio Nilton Santos, em Engenho de Dentro, ainda na Zona Norte, mais conhecido como Engenhão, 16 ocorrências foram contabilizadas em 2023.
A pesquisa leva em consideração um raio de dois quilômetros no entorno dos estádios. O recorte do instituto é para responder uma afirmação do juiz Marcelo Rubioli que estava de plantão no Juizado Especial do Torcedor em grandes eventos no dia 22 de junho, quando houve uma confusão generalizada em São Januário, após a partida entre Vasco da Gama e Goiás pelo Campeonato Brasileiro. O estádio é a casa do time carioca.
Rubioli pediu que o Ministério Público apurasse a confusão, mas escreveu em seu parecer que o estádio é cercado por uma comunidade conhecida como barreira do Vasco onde, nas palavras do juiz, "comumente se ouvem estampidos de disparos de armas de fogos oriundos do tráfico de drogas, o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estado".
Dois dias depois, o estádio foi interditado pela justiça do Rio por tempo indeterminado,mas atendendo a um pedido do Ministério Público que afirma que o Vasco tem total falta de estrutura e condições de realizar partidas em São Januário. E ao longo dos últimos anos não tomou as providências devidas para garantir a segurança dos torcedores.
Durante o confronto, diz o MP, houve arremesso de sinalizadores e rojões. O que causou pânico coletivo e demonstra falha no controle de entrada e a permanência de torcedores com objetos perigosos.
Posteriormente, o estádio foi liberado para receber partidas, mas sem torcedores. O Ministério Público também pediu que o clube seja multado em R$ 500 mil.
Em nota, o Vasco da Gama declarou que é o único clube da série A liberado para receber torcidas pela justiça desportiva, mas impedido pela justiça comum. Apesar de incidentes mais graves terem ocorridos em outros estádios. Diz ainda que seu estádio e as comunidades próximas têm sido alvo de ataques elitistas preconceituosas e que elas não geram violência, nem trazem segurança para o público. O clube completou que dispõe de todas as licenças e autorizações e de laudos favoráveis de especialistas e rogou ao poder judiciário e ao Ministério Público que a interdição seja resolvida rapidamente, considerando todos os incalculáveis prejuízos desportivos e econômicos impostos ao Vasco da Gama e as comunidades localizadas no seu entorno.
*Com supervisão de Tâmara Freire.
