Governador de SP volta atrás e passa a defender câmeras corporais
Diante dos diversos episódios de violência policial, nesta semana, em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas reconheceu, em coletiva, que estava equivocado em ser contra o uso das câmeras corporais em policiais e reconheceu a importância dos equipamentos.
"Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive. Que não tem nada a ver com segurança pública. Hoje eu estou absolutamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial. E nós vamos não só manter o programa, mas ampliar o programa".
Para o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, Renato Alves, além do discurso, será necessário que o governador e o Comando da Polícia Militar tomem medidas efetivas para diminuir a letalidade policial.
"Óbvio que o discurso sinaliza. Mas se esse discurso não vem fundamentado em outras mudanças práticas, ele é só um discurso. Outras práticas continuam, mesmo que o discurso tenha mudado. A gente vai observar, a gente vai acompanhar se isso também vai rendundar em mudanças práticas".
E muito além da questão do uso ou não das câmeras para redução dos casos de violência, Renato Alves explicou que a lógica de treinamento e de hierarquia militar das polícias não serve ao nosso contexto democrático.
"A lógica militar não é participativa. O superior manda e o subordinado obedece. Essa lógica quando se transporta para a sociedade, ele acha que ele deu a ordem e tem que ser cumprida como é cumprida uma ordem militar. Mas essa lógica de que eu sou superior a você e minha ordem tem que ser cumprida e não precisa ser justificada, ela é muito contrária não só a um policiamento, mas a um policiamento democrático, num contexto democrático, onde as coisas precisam ser justificadas".
Lembrando que na nova licitação das câmeras corporais, concluída este ano, os 12 mil dispositivos da PM serão acionados ou desligados pelo próprio policial ou por comando remoto. A orientação é que estejam sempre ligados durante operações policiais.