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Austrália vence EUA em final eletrizante do rugby em cadeira de rodas

Marcelo Brandão - Enviado Especial da Agência Brasil
Publicado em 18/09/2016 - 18:38
Rio de Janeiro

No último dia de Jogos Paralímpicos, em uma das poucas disputas que faltavam, a festa foi verde e amarela na Arena Carioca 1. Mas não foi o hino do Brasil que tocou no final, e sim da Austrália. Em uma partida muito emocionante na final do rugby em cadeira de rodas entre os “aussies” e os Estados Unidos, a seleção da Oceania levou a melhor e ficou com o ouro depois de duas prorrogações. Eles mantiveram a hegemonia do país no esporte, já que tinha vencido em Londres 2012, e, de quebra, tiveram a forra contra os EUA, que os derrotaram na final de 2008, em Pequim.

 

Austrália vence EUA na final do rugby em cadeira de rodas

Austrália vence EUA na final do rugby em cadeira de rodasReuters/Carlos Garcia Rawlins/Direitos Reservados

O destaque do jogo foi Ryley Batt, um dos pilares do time australiano. Maior pontuador do jogo, com 27 gols, Batt estava em êxtase após a partida. “Eu poderia dizer que o dia do meu casamento foi o dia mais feliz da vida, mas isso aqui é muito bom. Somos campeões do mundo, medalha de ouro duas vezes seguidas, estou no topo do mundo. É muito difícil ganhar medalhas de ouro em um esporte coletivo e fizemos isso duas vezes. É fantástico”, disse o camisa 3 da Austrália.

Torcida

Desde os primeiros minutos de jogo, a torcida brasileira, que lotou as arquibancadas, escolheu os australianos como favoritos. Talvez a cor do uniforme – verde e amarelo – facilitasse a escolha ou os brasileiros apenas decidiram se opor a um grupo barulhento de estadunidenses que assistiam à partida. Batt se entregava, dava tudo de si em cada lance e se tornou, dentre todos os “aussies”, o preferido dos brasileiros. a torcida vaiou muito o juiz quando o camisa 3 da Austrália era penalizado e tinha que ficar fora da partida por um minuto ou um gol do adversário.

Batt confessou não ter prestado atenção na torcida enquanto jogava. “Honestamente, eu não conseguia ouvi-los. Era só um barulho no fundo”. O atleta, porém, disse que gostaria de ver os torcedores brasileiros em Tóquio, daqui quatro anos. Ele saiu exausto da partida e apressado para a cerimônia de premiação. Antes de deslizar com sua cadeira para longe dos jornalistas, disse “eu preciso de comida, uma cerveja e um copo d'água”.

O pódio ficou completo com o Japão, que faturou o bronze após vitória sobre o Canadá por 52 a 50, em outro jogo muito disputado. É a primeira medalha do Japão no esporte em Paralimpíadas. Os japoneses fizeram uma campanha de respeito, vencendo França e Suécia, além de vender muito caro a derrota para os Estados Unidos, ainda na fase de grupos.

Uma final equilibrada e eletrizante

Foi um jogo equilibrado de ponta a ponta. Em nenhum momento um time ficou com uma diferença superior a dois gols. Austrália e Estados Unidos se revezavam no placar e os erros, raros no jogo, influenciavam diretamente no resultado. No final do primeiro quarto, times empatados em 12 a 12.

O segundo quarto do jogo foi da Austrália. Faltando pouco mais de quatro minutos para o fim do período, os australianos conseguiram abrir 19 a 17 e administraram a vantagem. Como praticamente todos os ataques dos dois times resultava em gol, o placar, a partir de então, apenas se alternava entre um e dois pontos de vantagem para o time verde e amarelo. Final do segundo quarto, 26 a 25 para Austrália.

O terceiro quarto continuou contando uma história com final difícil de prever. Os Estados Unidos passaram a frente do placar faltando 6 minutos e 28 segundos para o final do período. O placar do final do terceiro quarto foi 37 a 37, deixando a emoção para o final: um roteiro já previsível quando se fala do confronto de duas seleções de ponta em uma final paralímpica.

No início do último quarto, a Austrália passou novamente à frente do placar. Na metade do período, aproveitou um passe errado do time dos Estados Unidos e conseguiu abrir dois pontos de vantagem, 43 a 41. Com isso, a Austrália sempre se mantinha à frente no placar, por um ou dois gols de diferença, à medida que o jogo avançava.

Faltando menos de dois minutos para o final do jogo, Batt erra um passe longo, é interceptado por um norte-americano. A 1m30s do final, os EUA empatam. A “gordura” no placar já não mais existia. A Austrália tenta se manter a frente do placar nos últimos instantes de partida, mas Josh Brewer soube jogar com o relógio e, a míseros dois segundos do fim, empata, 49 a 49. Era hora da prorrogação.

Prorrogação decidida nos segundos finais

Durante a prorrogação arquibancadas gritavam “Austrália! Austrália!”, tentando empurrar o time a mais um ouro paralímpico. No final da prorrogação, os Estados Unidos lideravam o placar por um gol, mas Chris Bond consegue empatar a partida em um ataque incrível. Com a área toda congestionada, o camisa 10 australiano encontra um espaço mínimo entre várias cadeiras para avançar marcar o gol e empate, adiando o final da partida mais uma vez. A arquibancada da Arena Carioca 1 foi à loucura.

A segunda prorrogação mostra uma história já conhecida. Austrália na frente por um gol, faltando 15 segundos para o final. Os Estados Unidos, então, tentam a mesma estratégia utilizada antes. Prendem a bola, gastam segundos e preparam um último gol no estouro do relógio. Mas os campeões paralímpicos de quatro anos atrás mostraram uma defesa segura e impenetrável. O relógio já não era mais aliado dos americanos e eles tentam forçar a entrada na área adversária faltando menos de dez segundos para o fim.

A última investida, no entanto, não tem o mesmo sucesso. O eficiente sistema defensivo australiano recupera a posse de bola a três segundos do final, tempo apenas para comemorar. Ouro para os “aussies”, para alegria das torcidas australiana e brasileira. Festa verde e amarela, em inglês e português, no capítulo final das Paralimpíadas do Rio de Janeiro.