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Saúde

Fundação Gates investe na eliminação da malária no Brasil

Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 23/06/2018 - 12:48
Rio de Janeiro
Mosquito Anopheles transmissor da malária
© Portal Biologia/divulgação
Segundo a OMS, entre 2000 e 2015 o número de mortes causadas pela malária caiu 62% e o número de casos teve uma redução de 41%
© Foto: Acnur/Sarah Hoibak

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde fazem parte de um consórcio que acaba de receber R$ 2,2 milhões para o combate à malária. A doação foi feita pela da Fundação Bill & Melinda Gates, no início desta semana.

O dinheiro chega ao mesmo tempo em que cresce o número de pessoas infectadas na América Latina, depois de uma década de diminuição de casos, de acordo com a Fiocruz. Uma das preocupações é o Brasil, onde o número de doentes cresceu 50% no primeiro semestre de 2018, em comparação com 2017, revela o pesquisador da fundação, Marcus Lacerda. Ele coordena o consórcio com as 30 entidades nacionais e estrangeiras que receberam a doação da Fundação Gates, o Instituto Elimina.

Mosquito Anopheles transmissor da malária
Mosquito Anopheles transmissor da malária - Portal Biologia/divulgação

Na América Latina, outra preocupação é a Venezuela, país que enfrenta crise econômica com reflexos na saúde e no aumento de infectados.

Os recursos internacionais vão especificamente para o projeto que prepara a população brasileira para receber, nos próximos dois anos, um novo medicamento para malária causada por P.vivax – tipo prevalente em 90% dos casos no país. É que uma parcela da de pessoas, com déficit de uma enzima específica, pode desenvolver complicações com o novo remédio e mesmo com os atuais e correm risco de morte.

Por isso, o objetivo é avaliar a viabilidade de um teste rápido de sangue para identificar quem tem deficiência e propor tratamento individualizado.

“Nessa primeira parte do projeto, vamos a campo fazer um diagnóstico dessa intolerância à medicação antimalária e observar como as pessoas lidam com esse novo diagnóstico”, explicou Lacerda, pesquisador chefe do Instituto Elimina.

Serão observados, além da reação dos pacientes ao teste, os custos e a efetividade do novo método na Amazônia, uma região particular por suas dimensões e especificidades.

“As pessoas têm um teste novo para ser feito. Tem que furar o dedo. Elas têm maior dificuldade agora para usar o remédio [de malária]. Precisamos saber se vão aceitar, se acham que é uma boa, se o teste não retardará o tratamento, se quem faz o diagnóstico acha que é fácil ou difícil fazer o teste”, detalhou Lacerda.

Hoje, o Brasil não faz o diagnóstico enzimático e a população corre riscos. “O que a gente quer fazer é usar a medicação para malária de uma forma mais segura”, disse o pesquisador. Existem remédios alternativos para pessoas com a deficiência.

Em visita à Fiocruz no Rio de Janeiro, na última terça-feira (19), Sue Desmond-Hellmann, CEO da Fundação Gates, disse, que é preciso “encurtar substancialmente o tempo necessário para disponibilizar novos tratamentos e testes para a malária”. Ela lembrou, em nota, que a doença é incapacitante e impede a pessoa de trabalhar e estudar, por causa, principalmente, das recaídas, sintomas típico da doença.

A organização internacional já investiu U$ 35 milhões na cura da malária causada pelo plasmódio P.vivax na América Latina. O investimento é importante para introdução do novo remédio, a tafenoquina, no sistema de saúde em pelo menos dois anos. O mais recente medicamento lançado nos últimos 60 anos, permite o tratamento da malária em dose única. Os atuais precisam ser tomados entre sete e 14 dias.

Também integram o Instituto Elimina pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Saúde.