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Saúde

China: coronavírus terá menos efeitos na saúde e na economia que Sars

No começo do século, Sars provocou mais de 900 mortes no planeta
Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 31/01/2020 - 17:48
Brasília
Entrevista do Embaixador Conselheiro da embaixada da China, Qu Yuhui
© Wilson Dias/Agência Brasil
Entrevista do Embaixador Conselheiro da embaixada da China, Qu Yuhui
© Wilson Dias/Agência Brasil

O coronavírus causará menos efeitos na saúde da população mundial do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 provocou mais de 8 mil internações e mais de 900 mortes em todo o mundo. A avaliação é do ministro conselheiro da Embaixada da China, QU Yuhui, em entrevista exclusiva à Agência Brasil. “[Em 2003,] a China não tinha experiência de tratar um problema dessa escala.”

Segundo ele, os cientistas chineses foram ágeis em descobrir o código genético do coronavírus e o governo decidiu rapidamente em isolar a província Hubei onde o surto começou, mobilizou 6 mil médicos para tratar de doentes e entrega até 5 de fevereiro dois novos hospitais com capacidade total de 2,5 mil leitos no subúrbio de Wuhan, epicentro da epidemia.

O tráfico por estrada e por ferrovia para Hubei está interrompido e Wuhan - a principal cidade da província com 11 milhões de habitantes (assim como São Paulo), e a área é cinco vezes maior que Londres (Inglaterra) – está isolada.

O isolamento pode causar impacto econômico. Wuhan é polo de manufatura e da indústria pesada e hub logístico para circulação de mercadorias e pessoas no centro da China. QU Yuhui pondera que “ainda é muito cedo para fazer uma avaliação exata quanto o grau de impacto desse vírus vai causar na economia”.

Segundo ele, a epidemia abrange o feriado do Ano Novo chinês (24 a 30 de janeiro este ano), quando há diminuição da atividade econômica. O diplomata aposta que o impacto será menor do que houve em 2003 com a Sars, quando o PIB chinês recuou 1,2 pontos percentuais. “A situação é bem diferente. Sars atingiu vários centros econômicos como Pequim e Hong Kong. O PIB chinês é cinco ou seis vezes maior [hoje]”.

O diplomata chinês raciocina que a reação da economia e dos mercados também dependem de como a China vai combater o vírus. “Estamos confiantes. A economia chinesa é mais resistente e o governo tem recursos, tem confiança e tem o apoio da cooperação para vencer essa batalha”.

A estratégia de buscar apoio da cooperação internacional em saúde e a iniciativa de divulgação têm objetivos econômicos. “É positivo e fundamental para não atrapalhar o fluxo comercial e o fluxo de pessoas”, explicou o ministro conselheiro QU Yuhui.

Ontem (30) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, elogiou a atuação do governo da China na contenção do coronavírus. A OMS decretou a epidemia como “emergência global”.

Até o momento, a Comissão Nacional de Saúde da China contabilizou 9.720 pessoas infectadas pelo coronavírus e 213 casos de morte. De acordo com esses dados, a taxa de mortalidade é menor que de Sars, 2,19% contra 10,87%. O diplomata chinês, porém, reconhece que não se pode ter um cálculo exato da taxa de mortalidade, “nem todos os casos foram descobertos”. Ele admite que a situação é “complexa” e que “100% das informações sobre o vírus ainda não estão descobertas, tanto quanto a origem como a forma de transmissão. Ainda não se sabe muito bem quais são as causas desse novo vírus.