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Saúde

Pandemia de covid-19 diminui quantidade de transplantes no Brasil

Mais de 45,6 mil pessoas aguardam por cirurgias de transplante
Karine Melo - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 11/05/2020 - 16:35
Brasília
Rio de Janeiro -  O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva inaugura ala com quatro novos leitos, no Centro de Transplante de Medula Óssea (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Com 45.636 pessoas na lista de espera por transplantes de órgãos no país, a pandemia do novo coronavírus já tem reflexos para quem precisa receber um órgão saudável. Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia de covid-19, em março deste ano, os transplantes de rim, que representam 66.89% da lista, foram os que registraram maior queda. Este ano foram 477 - 33 a menos que no mesmo período do ano passado. Para transplantes de coração, o número de procedimentos realizados no mês de março caiu para 25 - em 2019 haviam sido 37. Veja as tabelas comparativas abaixo:

Transplantes em 2019

órgão janeiro/19 fevereiro/19 março/19
Rim 475 481 510
Fígado 171 182 166
Coração 31 37 37
Pulmão 10 7 11
Pâncreas e rins 10 14 3
Pâncreas 1 4 7
TOTAL 698 725 734

Transplantes em 2020

órgão janeiro/20 fevereiro/20 março/20
Rim 588 490 477
Fígado 232 194 182
Coração 29 39 25
Pulmão 9 14 6
Pâncreas e rins 13 12 5
Pâncreas 5 5 2
TOTAL 876 754 697

Fontes dos Dados: Sistema Informatizado do Ministério da Saúde - SNT|CTXES-SP

Segundo o Ministério da Saúde (MS), vários critérios estão sendo levados em consideração para adiar cirurgias desse tipo. Um deles é a condição dos pacientes. Os mais estáveis, que toleram aguardar a melhora da situação de pandemia, estão com cirurgias postergadas. Também tem contribuído para a diminuição de transplantes o medo dos pacientes de passar por procedimento cirúrgico neste período.

Outro fator importante é a cautela das equipes na avaliação de risco e benefício para cada paciente. Há, principalmente, risco de contaminação do paciente e dos médicos e colaboradores, o que pode levar a um desfecho desfavorável do procedimento cirúrgico pela possibilidade de internação prolongada.

“Deve ser observado que o sistema imunológico do paciente é bloqueado pelas medicações necessárias no transplante, impedindo que o corpo combata ativamente e eficazmente uma possível infeção. Outra condição desfavorável é a necessidade de visitas frequentes à unidade hospitalar após a realização do transplante”, esclarece nota do Ministério da Saúde.

Doadores infectados

No mês passado, Ministério da Saúde e Anvisa emitiram nota técnica direcionada aos estados e municípios em que consta a recomendação de não realizar transplantes de órgãos retirados de pessoas que morreram em decorrência de covid-19.

No caso de transplantes de órgão sólidos (fígado, rim, pâncreas, coração, pulmão, intestino), a nota traz recomendações de segurança para o procedimento. O protocolo cita cuidados que vão desde a triagem de doadores e receptores, uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), ao acompanhamento do paciente transplantado e, principalmente, a medicação imunossupressora a ser usada.

“As pessoas que contraíram a doença e tenham necessidade de um transplante deverão entrar na lista após avaliação médica. É importante lembrar que para ser elegível a uma doação, o paciente deve preencher uma série de requisitos (marcadores de saúde positivos) para ser colocado na lista de espera por um transplante. O processo de transplante segue protocolos rígidos e todas as pessoas que são candidatas a uma doação deverão atender aos mesmos", afirma nota do MS.

O documento contraindica captação de órgãos em doadores diagnosticados com covid-19 ou doadores diagnosticados com síndrome respiratória aguda grave (Sars).