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Saúde

Fiocruz faz parceria com GSK para produzir medicamentos contra HIV  

Parceria visa modernizar produção brasileira
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 15/07/2020 - 16:57
Rio de Janeiro
Remédios, comprimidos
© Marcello Casal jr/Agência Brasil

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai adquirir novas tecnologias e aumentar a produção de medicamentos destinados ao tratamento de quem vivem com HIV. A Fiocruz, a farmacêutica britânica GSK, e a ViiV Healthcare, especializada em tratamento para HIV, fizeram uma parceria chamada Aliança Estratégica de longo prazo, para o desenvolvimento e a produção de antirretrovirais no Brasil.

A Aliança Estratégica tem várias fases. Após a assinatura do contrato, o produto será submetido a registro em nome de Farmanguinhos. Nos dois anos iniciais, o instituto recebe o produto produzido pelo parceiro e entrega para o Ministério da Saúde, enquanto isso, ocorre a transferência da tecnologia com a internalização da parte de controle de qualidade do medicamento. A transferência de tecnologia e conhecimento para Farmanguinhos será feita pela ViiV Healthcare, que é a detentora da propriedade intelectual. “Depois vêm as fases pós-piloto produção até conseguir internalizar todo o processo dentro da unidade [Farmaguinhos]. Toda a recepção da tecnologia vai ser recebida aqui e futuramente totalmente produzido aqui. Só no início que não e por isso a gente caracteriza como transferência de tecnologia”, explicou o diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos, Jorge Mendonça, em entrevista à Agência Brasil.

Após as etapas, o resultado vai ser a fabricação local de uma combinação de Dolutegravir 50 mg e Lamivudina 300 mg em dose única diária. O Dolutegravir 50mg é considerado um dos mais modernos antirretrovirais utilizados atualmente no tratamento de HIV no mundo. O medicamento começou a ser usado no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2016 e é distribuído a mais de 300 mil pacientes. Esse número representa cerca de metade das pessoas em tratamento contra o HIV atendidas pelo SUS.

Para o diretor, ao longo da história, Farmanguinhos vem contribuindo de maneira muito propositiva com o Programa de Aids do Ministério da Saúde. Na visão dele, com a internalização da tecnologia do Dolutegravir em combinação com Lamivudina o instituto passa a oferecer ao ministério os principais e mais modernos medicamentos no tratamento de HIV, além de reforçar a produção.

“Ganha um reforço importante e a população brasileira também, porque a gente vai trazer um medicamento moderno, vai gerar emprego e renda no país e vai disponibilizar para a população um arsenal de medicamentos extremamente modernos e com menos efeitos colaterais para os pacientes”, observou.

Adesão

Outro aspecto importante, segundo Jorge Mendonça, é a adesão ao tratamento. “Uma coisa que a gente sempre se preocupa é trazer medicamentos que o paciente tenha uma maior adesão ao tratamento. Este também é um tipo de medicamento que se toma menos vezes ao dia e, com isso, aumentam as chances de adesão ao tratamento que é de longo prazo”, destacou.

Redução de custos

Na medida em que o Programa de HIV/Aids reduza a dependência dos insumos importados, em médio e longo prazos, o Brasil terá redução de custos nos recursos aplicados no atendimento. Segundo o diretor, o Dolutegravir já teve redução nos preços nos últimos anos, mas pode avançar neste aspecto a partir da produção nacional. “O importante hoje é internalizar essa tecnologia que é moderna e trazer os medicamentos mais modernos utilizados pelo Ministério da Saúde atualmente”, contou.

“É uma parceria em várias fases. Na primeira a gente vai absorver um medicamento. Na segunda fase, a tendência é que um medicamento se combine com outro e daí para frente a gente passa a ter uma visão melhor da economia que ele possa gerar tanto na parte de logística, porque são menos tipos de medicamentos a distribuir e, ao mesmo tempo, a gente vai ter geração de emprego, de renda e de tecnologia, que de alguma forma impacta a nossa economia”, completou.

De acordo com o presidente da divisão Farmacêutica da GSK no Brasil, José Carlos Felner, as pessoas que vivem com HIV/Aids no Brasil vão ter à disposição medicamentos inovadores. “Há mais de três décadas contribuímos para o avanço da ciência no Brasil, por meio de alianças estratégicas com Instituições de Pesquisa e de Produção para transferência de tecnologia de nossos medicamentos e vacinas. Nos últimos 10 anos, junto com a ViiV Healthcare, disponibilizamos medicamentos inovadores para o tratamento do HIV. Esta nova cooperação é mais um passo rumo à garantia do acesso amplo a terapias modernas à população e ao nosso compromisso de não deixar nenhuma pessoa vivendo com HIV para trás, melhorando cada vez mais a qualidade de vida desta comunidade”, informou.

O diretor de Farmanguinhos destacou ainda que no futuro pode ser incluído mais um medicamento para a dose única. “Uma combinação com bons resultados e a de Dolutegravir e Lamivudina. Mas tem uma proposição da gente, no futuro, ter uma combinação de acordo com os estudos que vão sair e serem publicados daqui para a frente de Dolutegravir, Lamivudina e Tenofovir”, adiantou.