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Saúde

Estado do Rio abrirá mais leitos de covid-19 por causa da Delta

Vagas serão em hospitais da capital, de Volta Redonda e Nova Iguaçuu
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil*
Publicado em 18/08/2021 - 18:17
Rio de Janeiro
Leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com um dispositivo de respiração artificial.
© Reuters / Kai Pfaffenbach / Direitos Reservados

O aumento da demanda por internações, por causa da circulação da variante Delta do novo coronavírus, que é mais transmissível, levou o governo do estado do Rio de Janeiro a decidir pela abertura de mais leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para pacientes com covid-19. As vagas serão no Hospital Universitário Pedro Ernesto, na capital, no Hospital Regional Zilda Arns, em Volta Redonda, e no Hospital Doutor Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, informou  o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.

Nesta semana, a taxa de ocupação de leitos de UTI para a doença atingiu 70% no estado e 90% na capital, principalmente nas unidades hospitalares da região metropolitana e da Baixada Fluminense. “Hoje vive-se no estado do Rio de Janeiro, principalmente, na região metropolitana, incluindo o município do Rio de Janeiro, e na Baixada Fluminense, uma situação em que, muito por conta da circulação da variante Delta, estamos vendo um aumento, ainda discreto, nos números de atendimentos e de solicitações de internações. A gente ainda avalia as razões por trás desse aumento, mas certamente a circulação mais intensa da variante Delta é um dos fatores que vêm contribuindo para isso”, afirmou Chieppe.

De acordo com o secretário, a abertura de vagas nas unidades de saúde é a primeira etapa do plano de contingência do estado para o enfrentamento de uma possível nova onda da covid-19. “Já acionamos a primeira etapa do nosso plano de contingência, que prevê a abertura de alguns leitos ou a transformação de alguns leitos de não covid para covid, no Hospital Pedro Ernesto e no Hospital Regional Zilda Arns e a abertura de 20 novos leitos em Nova Iguaçu, no Hospital Ricardo Cruz.”

Chieppe disse que, neste momento de alerta, a situação e as condições de atendimento serão monitoradas pelas autoridades da saúde. “Vamos monitorar o cenário epidemiológico, a oferta e demanda assistencial para que, se for necessário, outras medidas sejam tomadas. Agora é um momento de alerta, de observação e de rápida tomada de decisão exatamente para poder dar conta de qualquer demanda assistencial que vier aparecer”, enfatizou.

Rede privada

Nos hospitais privados no estado, na última semana, a ocupação de leitos para covid-19 era de 60%, mas ontem (17) subiu para 70%. A Associação de Hospitais Privados do Estado do Rio de Janeiro avalia a possibilidade de abertura de novos leitos. “A quantidade de pacientes internados tem sido maior, embora a letalidade tenha sido menor. A maior parte dos pacientes é de homens, que se internam muito mais do que mulheres. Esta é uma doença que afeta um pouco mais homens do que mulheres”, disse o diretor da associação, Graccho Alvim.

Segundo Alvim, o maior percentual de internados é dos pacientes que, ou optaram por não tomar vacina, ou ainda não tiveram oportunidade, por causa da idade. Depois deles, vêm os pacientes que só receberam uma dose de vacina e, por último, os que já tomaram as duas dores, mas têm comorbidades, são idosos e já tem mais de seis meses de vacinados. “Este é o panorama. Estamos notando que a contaminação é muito mais rápida, ou seja, pessoas que aparecem com sintomas muito mais rápidos. Então, essa internação está sendo também mais acelerada.”

Alvim lembrou que, em julho, houve grande redução nas internações por covid em todo o estado e que, por isso, algumas unidades hospitalares transformaram os centros maiores de tratamento intensivo para tratar as outras doenças, destinando os menores à covid-19. “Isso está mudando, porque o hospital privado muda conforme a demanda. Se tem uma demanda maior para internação de pacientes com covid, obviamente, vamos reabrir mais leitos para covid. Dependendo de como vai se comportar esse crescimento nas internações, provavelmente, a gente destinará mais leitos para a covid-19.”

Para Alvim, é importante lembrar que, quando existe uma nova onda, ou um maior número de pacientes com covid-19, existe uma resistência de outros pacientes em fazer qualquer procedimento eletivo. “Eles vão querer fazer isso quando não houver uma onda tão alta de paciente por covid.”

O diretor da Associação de Hospitais Privados do Estado do Rio de Janeiro ressaltou que as unidades precisam estar preparadas para uma nova onda da doença, inclusive para evitar a falta de insumos e de medicamentos, como aconteceu em alguns hospitais no início da pandemia. “Estamos pedindo ao pessoal dos hospitais que já comecem a fazer a logística para um provável aumento. [É] óbvio que não sabemos como vai evoluir essa curva. Se continuar dessa maneira, será necessária uma logística na quantidade de material e de medicamentos bem maior. O que estamos pedindo é que os hospitais já se organizem para que não haja escassez de medicamentos.”

Graccho Alvim afirmou que só será possível atender ao chamamento público que o Executivo fluminense deve lançar na próxima semana para a contratação de 150 leitos nos hospitais privados se os valores oferecidos pelo governo forem compatíveis com os gastos por paciente/dia. “A rede terá como atender se os valores, os preços, forem suficientes para o tratamento. É uma doença cara, que demanda medicamentos caros, infecta muito e, para manter o paciente no respirador, precisa de muitas medicações, de anestésicos, de bloqueadores neuromusculares.”

De acordo com Alvim, os últimos chamamentos feitos não foram fechados porque os valores não eram suficientes para custear a diária de um paciente. “Tem que pagar o profissional de saúde, material, medicamento e toda a parte de exames. Tem uns que são mais caros, porque há pacientes que evoluem criticamente, necessitando de todos os exames, além de imagens. Precisamos de exames laboratoriais diários, e não é um custo pequeno. Não tem como fazer mágica, se se oferece um valor que não dá nem para pagar o custo básico desse paciente”, concluiu.

*Colaborou Cristiane Ribeiro, repórter do Radiojornalismo