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Saúde

Mais de 98% dos paulistanos adultos têm anticorpos contra covid-19

Estudo mostra trajetória descendente da pandemia na capital paulista
Camila Maciel - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 17/05/2022 - 19:27
São Paulo
Novo Coronavírus SARS-CoV-2
Micrografia eletrônica de varredura colorida de uma célula infectada com uma cepa variante de partículas do vírus SARS-CoV-2 (laranja), isolada de uma amostra de paciente.
© National Institute of Allergy and Infectious Diseases/NIAID/Direitos reservados

A oitava e última etapa do Inquérito Soroepidemiológico Seriado para Monitorar a Prevalência da Infecção por SARS-CoV-2 no município de São Paulo (SoroEpi MSP) mostrou que 98,2% da população adulta paulistana já tem anticorpos contra o vírus da covid-19. As amostras foram coletadas no período de 31 de março a 9 de abril.

O  projeto, que monitorou a frequência de indivíduos com anticorpos contra o novo coronavírus, foi uma colaboração entre cientistas e médicos com financiamento do Grupo Fleury, Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria, Instituto Semeia e Todos pela Saúde.

“Desde que a vacinação continue no ritmo atual, é provável que a pandemia na cidade de São Paulo continue em trajetória descendente, mas não em número de casos, que ainda vão subir várias vezes. Para os epidemiologistas, normalmente, deverão ocorrer de dois a três picos por ano”, disse o biólogo Fernando Reinach, um dos responsáveis pelo projeto. Segundo Reinach, a trajetória é descendente no sentido de não haver hospitais superlotados, grande de pessoas internadas, nem grande número de mortes.

O trabalho revelou que 79,1% dos paulistanos adultos já se infectaram com a doença. Na etapa anterior, o percentual era de 52,8%. Sobre este dado, que identifica a presença de anticorpos contra a nucleoproteína do vírus, a pesquisa mostrou que há mais casos entre a população de baixa renda. Enquanto 72% dos paulistanos de maior renda contraíram o vírus, 84,7% dos que têm menor renda foram infectados. 

“Visto desde a Fase 2, esse resultado permaneceu. As pessoas que moram nas regiões mais pobres da cidade têm mais dificuldade de se proteger contra o vírus, são obrigadas a viver onde a infecção é mais fácil. A diferença foi diminuindo, variou, mas existiu desde o começo”, acrescentou Reinach.

O estudo indica ainda que 96,3% da população adulta têm anticorpos neutralizantes contra a variante original. Contra a variante Ômicron, são 83,1%. “Nossos resultados anteriores sempre mostraram que nossos números eram três, quatro, cinco vezes maiores que o dos casos registrados, o que é de se esperar, porque têm muito caso assintomático, ou com poucos sintomas, [em] que [a pessoa] não vai ao hospital. De praticamente 2 milhões que tem hoje [casos confirmados na cidade], são de pessoas testadas, que foram ao hospital”, disse o biólogo.

Na etapa atual da pesquisa, 98,2% dos participantes disseram ter tomado pelo menos a primeira dose da vacina contra a covid-19 e 91% afirmaram ter recebido duas ou três doses do imunizante. O percentual de pessoas que não tomaram nenhuma dose é 1,8%. Para Reinach, a missão dos governos agora deve ser diminuir ainda mais o percentual e elevar todo mundo para pelo menos três doses.

Metodologia

A metodologia aplicada no estudo dividiu a cidade em dois segmentos, com distritos de maior renda e de menor renda, esses estratos representam, cada um, metade da população adulta residente no município.

Os níveis de anticorpos anti SARS-CoV-2 (IgG e IgM) foram medidos usando um método de quimioluminescência, da marca Abbott Architect, e um segundo teste de eletroquimioluminescência, Ig total), do laboratório Roche. Os anticorpos neutralizantes, por sua vez, foram medidos usando o teste cPass SARS-CoV-2 Neutralization Antibody Kit, da Genzyme Inc.