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Saúde

Covid: Pequim tem casas funerárias e crematórios cheios

Desde que retirou restrições, país orienta a população a ficar em casa
Alessandro Diviggiano e Ryan Woo e Winni Zhou
Publicado em 17/12/2022 - 15:28
Pequim
Proteção contra Covid em Pequim
© REUTERS/Thomas Peter/Direitos Reservados
Reuters

Carros funerários se alinharam na entrada de um crematório designado para mortos por Covid-19 na capital chinesa neste sábado, enquanto funcionários em dúzias de casas funerárias da cidade estavam mais ocupados do que o normal, dias após a China reverter rígidas restrições contra a pandemia.

A disseminação da variante Ômicron atingiu serviços como restaurantes e entrega de encomendas nos últimos dias em Pequim. Casas funerárias e crematórios na cidade com 22 milhões de pessoas também sofriam para acompanhar a demanda, com mais trabalhadores e motoristas testando positivo para coronavírus e faltando por questões médicas.

A China ainda não reporta oficialmente mortes por Covid-19 desde 7 de dezembro, quando o país encerrou abruptamente elementos chave de sua política de covid zero que foi defendida pelo presidente Xi Jinping, após protestos públicos sem precedentes contra o protocolo.

Um instituto de pesquisa dos EUA disse esta semana que o país poderia ter uma explosão de casos e mais de um milhão de pessoas poderiam morrer de covid em 2023. Um pico agudo de mortes testaria as tentativas das autoridades de afastar a China de testes frequentes, lockdowns e fortes restrições de viagens.

Neste sábado, um jornalista da Reuters viu cerca de 30 carros funerários parados na entrada que levava a uma casa funerária em Dongjiao, um crematório em Pequim designado às vítimas de Covid-19. Três das várias chaminés soltavam fumaça continuamente.

A alguns metros do crematório, em uma funerária, um jornalista da Reuters viu cerca de 20 sacos amarelos com corpos no chão. A Reuters não conseguiu estabelecer em um primeiro momento se as mortes eram devido à Covid-19.

O operador de segurança do estacionamento e o dono de uma loja no prédio da funerária, falando sob condição de anonimato, disseram à Reuters que o número de mortes estava acima da média para este período e em um patamar acima ao de antes da suspensão da maioria das limitações da pandemia em 7 de dezembro.

Trabalhadores doentes também afetaram as equipes ativas em aproximadamente uma dúzia de funerárias de Pequim.

A última vez que a autoridade sanitária da China relatou mortes por Covid-19 foi em 3 de dezembro. A última fatalidade relatada pela capital chinesa foi em 23 de novembro.

No entanto, o respeitado veículo chinês Caixin publicou na sexta-feira que dois jornalistas veteranos da imprensa estatal morreram após contrair Covid-19 em Pequim, entre as primeiras mortes que chegaram ao conhecimento público desde que a China desmontou suas políticas de Covid zero.

Mas a Comissão de Saúde Nacional publicou que não houve mudanças na contagem oficial de mortes por Covid-19 de 5.235 desde que a pandemia surgiu na província de Wuhan, em 2019.

Desde que suspendeu as restrições no começo deste mês, a China orientou sua população de 1,4 bilhão de pessoas a ficar em casa se tiver sintomas, com cidades ao redor do país se preparando para suas primeiras ondas de infecções.

Se as rígidas políticas de contenção tivessem sido suspensas mais cedo, como em 3 de janeiro deste ano, 250 mil pessoas na China teriam morrido, disse o epidemiologista chinês Wu Zunyon neste sábado.

Até 5 de dezembro, a proporção de pacientes com casos sérios ou críticos de Covid-19 havia caído 0,18% dos casos relatados, disse Wu, de 3,32% ano passado e 16,47% em 2020.

Isso mostra que a taxa de morte da doença na China está caindo gradualmente, disse, sem dar detalhes.

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