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Economia

Presidente do BC defende reformas para recuperar a economia

Kelly Oliveira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 10/11/2016 - 12:30
Brasília
Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan  Goldfajn, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante a quinta reunião do Copom (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn disse que a política econômica doméstica ampliou os efeitos da crise externa, com menor crescimento global e fim do ciclo das commoditiesMarcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou hoje (10) que a política econômica doméstica ampliou os efeitos da crise externa, com menor crescimento global e fim do ciclo das commodities (produtos primários com cotação internacional).

A afirmação foi feita no Seminário Novos Desafios na América Latina, promovido pela Universidade do Chile, em Santiago.

De acordo com a apresentação de Goldfajn no seminário, houve um intervencionismo excessivo do governo, inclusive com congelamento preços, além do “choque permanente” da crise ter sido tratado como temporário.

Para o presidente do BC, as consequências foram maior recessão da história do país; dívida pública em crescimento e inflação alta. Goldfajn avaliou que esse cenário foi agravado pela crise política e eventos não econômicos, termo usado pelo BC para se referir, por exemplo, aos efeitos da Operação Lava Jato.

Goldfajn disse que o governo atual tem uma estratégia para fortalecer os fundamentos econômicos do país e recuperar a confiança dos agentes econômicos. Ele citou como estratégia o limite de gastos públicos, a reforma da previdência social, levar a inflação de volta para a meta em 2017 e mantê-la baixa e estável.

Agenda para melhorar a produtividade

O presidente do BC também destacou uma agenda para melhorar a produtividade, com ampliação de investimentos em infraestrutura, da eficiência da intermediação financeira (captação de recursos pelas instituições financeiras e o repasse para agentes econômicos deficitários) e reformas tributária e do trabalho.

Para o presidente do BC, já há alguns sinais de melhora na confiança da indústria e de consumidores, na taxa de câmbio, em indicadores de mercado (como índice da bolsa de valores e taxa de juros), na atividade econômica e na inflação.

Goldfajn finalizou a apresentação enfatizando que o BC se comprometeu a levar a inflação de volta para a meta e mantê-la estável. “Isso ajudará a economia a recuperar a confiança e o crescimento”.

A meta de inflação perseguida pelo BC é 4,5%. O limite máximo que a inflação pode chegar para se manter na meta é 6,5% este ano e 6% em 2017. De acordo com pesquisa feita pelo BC junto a instituições financeiras, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve chegar a 6,88% este ano, acima do limite. Para 2017, a estimativa é 4,94%, próximo do centro da meta.

Monitoramento dos mercados

No Chile, Goldfajn disse que o BC continua monitorando os mercados, após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. “Alguma flutuação é normal. Caso seja necessário, o BC irá atuar para manter as condições adequadas nos mercados”, disse.

Ontem, o BC anunciou pausa nos leilões diários de swap cambiais reversos (operação equivalente à compra futura de dólares) para acompanhar e avaliar as atuais condições de mercado.

“Vamos continuar ajudando o mercado não colocando mais pressão. A ideia sempre foi reduzir o estoque de swaps apenas quando as condições permitirem. O estoque de swaps está hoje no patamar de US$ 24 bilhões, um patamar confortável que nos permite reduzir apenas quando as condições existirem e a gente desejar”, destacou.