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Esportes

Coluna - Times brasileiros seguem na elite mundial do Free Fire

País ocupa as sete primeiras posições do torneio continental
Guilherme Neto - Apresentador do quadro Fliperama, no programa Stadium. A coluna é publicada às quintas-feiras
Publicado em 03/12/2020 - 11:30
Rio de Janeiro
Free Fire Brasil,coluna de games, e-esportes
© Divulgação/Free Fire Brasil

A Team Liquid coroou o domínio brasileiro no Free Fire Continental Series. A equipe, que conquistou um booya em uma das seis quedas, se tornou a campeã inédita da competição. Não bastasse o título da Cavalaria, outras seis equipes nacionais figuraram no top 7 do torneio que reuniu equipes de toda a América Latina. Por pouco outra equipe brasileira, o Cruzeiro, não ficou em oitavo lugar, mas foi superada pela mexicana Artic Gaming.

Apenas com equipes da América Latina em disputas online, o torneio continental serviu como substituto do Mundial, cancelado este ano por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19). No ano passado, o Corinthians se consagrou campeão mundial no game, disputado no Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro. E ainda tornou o jogador Nobru (então com 18 anos) um ídolo nacional entre adolescentes. Porém, neste ano, o Timão não conseguiu sair da fase de entrada do FCSS e acabou ficando fora da final.

O domínio brasileiro, infelizmente, não pode ser testado a nível mundial em 2020. Para evitar a infeção por covid-19, a desenvolvedora Garena decidiu realizar três campeonatos continentais, todos disputados de forma remota. A série Asiática foi vencida pela EXP Esports, da Tailândia. Já na série da EMEA, com equipes da Rússia, Europa, Oriente Médio e Norte da África, a campeã foi a russa Sbornaya ChR, atual vice-campeã mundial do torneio.

Os olhos do mundo, no entanto, estavam no Brasil, já considerado por muitos a região mais forte do game. Não à toa, metade das 20 equipes classificadas para o FFCS das Américas é do Brasil. A competição atingiu a marca de 5,2 milhões de horas assistidas, um pouco acima da liga asiática, que totalizou 4,9 milhões. Já a da EMEA foi bem mais baixa, com 966 mil horas.

O pico de espectadores simultâneos, por outro lado, foi batido pela FFCS asiática, com 1,5 milhão de torcedores, contra 1,2 milhão no das Américas e apenas 274 mil na da EMEA. Somadas, as três regiões alcançaram um pico de 2,9 milhões de espectadores simultâneos, considerando apenas as transmissões oficiais realizadas ao vivo no Twitch e no YouTube. Um novo recorde, superando a marca de 2 milhões no mundial no ano passado.

O sucesso de Free Fire no Brasil e no mundo é explicado pela acessibilidade ao game. O título, de gráficos simples, não exige nenhum celular potente para funcionar. Outros jogos populares no Brasil, como FIFA, PES, League of Legends e Counter-Strike exigem videogames ou computadores que costumam custar alguns milhares de reais, mesmo nas configurações mais modestas. O resultado é um pico de mais de 100 milhões de jogadores ativos no game, o posto de jogo mais baixado em todo o mundo em aparelhos celulares nos nove primeiros meses de 2020, e uma receita que superou o primeiro bilhão de dólares em novembro de 2019.

Free Fire se tornou um dos jogos de maior sucesso por aqui, algo impulsionado ainda mais pela quarentena imposta pela pandemia, ainda que a Garena não revele números que permitam confirmar essa impressão. Nobru, vale lembrar, cresceu na comunidade do Jardim Novo Oriente, em São Paulo, e antes do estrelato usava o celular do pai para conseguir jogar.

O sucesso entre o público da periferia motivou a desenvolvedora a criar a Taça das Favelas, torneio exclusivo para moradores de comunidades carentes do Brasil. O projeto tem apoio da Central Única das Favelas (Cufa) e vai reunir na grande final 12 equipes de 12 estados diferentes. A decisão do título será neste sábado (5).