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Esportes

Blatter e Platini são absolvidos pela 2ª vez em caso de corrupção

Eles foram inocentados sobre fraude em pagamento de R$12,8 milhões
John Revill*
Publicado em 25/03/2025 - 12:15
Muttenz (Suíça)
Ex-presidente da Fifa Joseph Blatter em Muttenz
 25/3/2025     REUTERS/Stefan Wermuth
© Reuters/Stefan Wermuth/Proibida reprodução
Reuters

O ex-presidente da Fifa Joseph Blatter e o ídolo do futebol francês Michel Platini foram inocentados de acusações de corrupção por um tribunal suíço na terça-feira (25), dois anos e meio depois de terem sido absolvidos pela primeira vez dos crimes.

Os dois, que já estiveram entre as figuras mais poderosas do futebol mundial, foram inocentados de fraude na Câmara Extraordinária de Apelações da Corte Penal Suíça na cidade de Muttenz, perto da Basileia.

A audiência ocorreu depois que os promotores federais suíços recorreram da absolvição em 2022 em um tribunal inferior.

Os dois negaram a acusação relacionada a um pagamento de 2 milhões de francos suíços (R$ 12,8 milhões) que Blatter autorizou para Platini em 2011.

O tribunal disse que havia dúvidas sobre a alegação da promotoria de que o pagamento a Platini, ex-capitão e técnico da seleção francesa, era fraudulento.

O indiciamento de 2022 acusava Blatter e Platini de enganar a diretoria da Fifa em 2010 e 2011 sobre a obrigação do órgão dirigente do futebol mundial de pagar Platini.

Mas o tribunal inocentou a dupla, dizendo que sua versão de um acordo verbal para o pagamento não poderia ser descartada.

Platini argumentou que o pagamento havia sido parcialmente adiado até 2011 porque a Fifa não tinha fundos para pagá-lo integralmente de imediato.

O tribunal disse que os dois foram consistentes em seus relatos sobre o pagamento, que englobou o trabalho de consultoria realizado por Platini para Blatter entre 1998 e 2002.

A experiência de Platini como jogador e técnico de futebol de alto nível explica o tamanho do pagamento, afirmou o tribunal, que seguiu o princípio legal de que, em casos de dúvida, favorece o acusado.

"Não se pode presumir que os réus tenham agido com a intenção de se enriquecer no sentido dos delitos imputados", disse o tribunal.

O escândalo, que surgiu em 2015, quando Platini era presidente da Uefa, órgão dirigente do futebol europeu, acabou com suas esperanças de suceder Blatter, que foi forçado a sair da Fifa por causa do caso.

Blatter e Platini foram suspensos do futebol em 2015 pela Fifa por violações de ética, originalmente por oito anos, embora suas exclusões tenham sido reduzidas posteriormente.

Platini disse que estava aliviado com o fim do caso e que havia recebido mensagens de apoio de 10.000 pessoas.

"A perseguição da Fifa e de alguns promotores federais suíços por 10 anos acabou", afirmou Platini aos repórteres. "Acabou totalmente. E para mim, hoje, minha honra voltou e estou muito feliz."

Blatter, com aparência frágil, abraçou sua filha Corinne após o julgamento e disse que estava aliviado com a decisão.

"É um grande alívio para mim, porque isso está acontecendo há dez anos. É como uma espada de Dâmocles pendurada sobre minha cabeça", declarou ele aos repórteres. "E agora acabou e eu posso respirar", disse o ex-dirigente de 89 anos.

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