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Acusado de participar da chacina da Pavilhão 9 presta depoimento

Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/06/2016 - 18:41
São Paulo

Um dos acusados de participar da chacina ocorrida no ano passado na sede da Pavilhão 9, torcida organizada do Corinthians, foi ouvido hoje (27) pela Justiça. O policial militar Walter Pereira da Silva Júnior prestou depoimento na audiência de instrução do processo sobre o crime que deixou oito mortos na quadra da agremiação, que fica sob a Ponte dos Remédios, na zona oeste da capital paulista.

Por volta das 23h30 do dia 18 de abril de 2015, três pessoas armadas entraram na sede da torcida organizada, logo após um churrasco. Doze torcedores ainda estavam no local quando os criminosos chegaram. Quatro conseguiram fugir, mas os demais foram obrigados a deitar no chão e foram executados a tiros.

Além de Silva Júnior, outro acusado por participação na chacina, o ex-policial Rodney Dias dos Santos, também deveria ter prestado depoimento hoje. No entanto, a oitiva foi adiada porque estava marcada para o mesmo horário do depoimento de duas testemunhas da defesa, que falaram em outro local.

Inimigos

Segundo o promotor Rogério Zagallo, o crime foi tramado por Santos, que disputava com uma das vítimas, Fábio Neves Domingos, decisões sobre os rumos da torcida organizada e da venda de drogas na região da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo “Ceagesp. “O Rodney é citado como inimigo mortal de uma das vítimas, o Fábio. Sobre ele se depositam todos os motivos do crime, quer seja porque na administração da torcida havia divergência entre ele e a vítima Fábio, quer seja também porque no submundo do tráfico de drogas eles tenham mantido uma certa beligerância”, argumentou o promotor.

No depoimento de hoje, Silva Júnior disse não conhecer Fábio e contou que estava em casa no momento do crime. Em sua defesa, disse que as câmeras de segurança do prédio onde mora podem atestar que ele permaneceu no local a partir das 20h, quando chegou de uma pizzaria com a mulher e a filha.

O advogado Onesmo Saraiva dos Santos, que faz assistência da acusação, contratado pelas famílias das vítimas, destacou o ponto em que Silva Júnior se confundiu ao declarar o período em que trabalhou como auxiliar administrativo da Polícia Militar em um contrato temporário em Osasco, na Grande São Paulo. Para ele, esse é um indício de que os dois acusados poderiam se conhecer. “O Rodney também era policial na mesma região naquele mesmo ano”, enfatizou.

Silva Júnior chegou a ser citado no inquérito de outro crime semelhante, uma chacina ocorrida em Carapicuíba, em 2014. Porém, não chegou a ser indiciado.

Em relação ao acusado Rodney Santos, o promotor diz que as provas são mais robustas. Entre os indícios, está o relato de um dos sobreviventes do crime. “Uma delas seria vítima, mas conseguiu escapar e saiu correndo. Essa testemunha, assim como outras, reconhece o Rodney como sendo uma das pessoas que invadiu [a sede da torcida organizada] e matou as vítimas.”

Após o depoimento de Santos, que ainda será remarcado, serão realizados os debates orais entre acusação e defesa. Em seguida, a juíza que cuida do caso deverá decidir se os acusados se tornam réus no processo e vão a júri popular.