Oficial de Justiça diz que Renan recusou notificação duas vezes
O oficial de Justiça enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para comunicar a decisão que afastou Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado disse hoje (6) que o senador recusou-se duas vezes a receber a intimação. A confirmação está em um documento enviado ao ministro do STF Marco Aurélio, que determinou o afastamento, para justificar a falta de cumprimento do mandado de intimação.
O oficial da Justiça relatou que foi ontem (6) à noite à residência oficial do Senado para notificar Renan Calheiros, mas uma assessora disse que o parlamentar não estava em casa, embora o servidor o tenha visto por entre os vidros transparentes da casa. Ao ser informada de que tal informação “não correspondia à verdade”, a assessora voltou a insistir que Renan não estava na residência.
“Tal fato foi devidamente registrado pelo fotógrafo Dida Sampaio, em fotografia estampada nos [jornais] O Estado de S. Paulo e O Globo no dia 6 de dezembro. A assessora solicitou que retornasse no dia seguinte, às 11h”, relatou o servidor da Justiça.
Sobre a segunda tentativa de notificar Renan, desta vez no Senado, nesta manhã, o oficial de Justiça disse que esperou quatro horas para tentar cumprir o mandado e foi “submetido a toda ordem de tratamento evasivo dos assessores”.
“Ao fim, às 15h, depois de certa insistência, obtive contato com o chefe de gabinete, Alberto Machado Cascais Meleiro, que me entregou o documento anexo informando a recusa em receber a notificação”, relatou.
O servidor da Justiça disse ainda que, ao procurar o vice-presidente do Senado, Jorge Vianna (PT-AC), e o senador Vicente Alves (PR-TO), recebeu o mesmo documento em que a Mesa Diretora diz que vai aguardar a decisão do plenário.
Renan se recusou a assinar a notificação depois que a Mesa Diretora do Senado divulgou uma deliberação na qual concede ao presidente da Casa um prazo regulamentar para que apresente a sua defesa.
Em declaração à imprensa no meio da tarde, Renan disse que iria “atender a decisão da Mesa, porque ela observa o princípio da separação dos Poderes”. Ele criticou o ministro Marco Aurélio “por tomar uma decisão monocrática a apenas nove dias de acabar o ano legislativo”.
Amanhã (7), o plenário do Supremo deve julgar a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio, que afastou do cargo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).