Polícia investiga incêndio em casa de imigrantes venezuelanos em Boa Vista
A Polícia Civil de Roraima investiga um incêndio ocorrido hoje (08) em uma casa em Boa Vista onde vivem venezuelanos. No começo da manhã, a família foi surpreendida pelo fogo na residência, que não tem energia elétrica. Uma mulher e uma menina de 3 anos ficaram gravemente feridas, com boa parte do corpo atingida pelas chamas. De acordo com a PM, está praticamente descartada a possibilidade de acidente doméstico.
Nos últimos meses, aumentaram os casos de conflito entre brasileiros e venezuelanos em Roraima. Os episódios de xenofobia na região preocupam a polícia. Desde 2016, a migração de venezuelanos aumentou de forma significativa. Segundo cálculos da Prefeitura de Boa Vista, já há mais de 40 mil cidadãos venezuelanos na cidade, mais de 10% da população local, de cerca de 330 mil habitantes.
A crise migratória foi discutida hoje em reunião da governadora de Roraima, Suely Campos, com representantes do governo federal. A chefe do Executivo estadual pediu mais recursos para a área de saúde, controle nas fronteiras, reforço no efetivo da Polícia Federal e aumento no número de militares do Exército na região.
“Chamei o governo federal para ele assumir verdadeiramente a responsabilidade dele. Desde janeiro, entraram 15 mil venezuelanos. Estão nascendo 150 bebês de mães venezuelanas por mês, esse é um impacto muito grande na nossa saúde”.
Ajuda federal
Em Boa Vista, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que está empenhado em encontrar soluções para a crise migratória em Roraima e que as ações devem envolver várias áreas do governo.
“É uma situação difícil, é uma situação em que você tem que equilibrar a situação humanitária. Eles não estão aqui ou vieram pra cá porque queriam. Ele saíram por fome, saíram por falta de medicamento, saíram por conta da crise que está acontecendo lá, mas, ao mesmo tempo, isso sobrecarga e muito o estado e a cidade. E nós estamos aqui para procurar a ajudar a resolver essa questão”.
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, que também esteve em Roraima nesta quinta-feira, anunciou um projeto-piloto para absorver mão-de-obra de venezuelanos. O plano de "interiorização", como chamou o ministro, pretende integrar um total de mil venezuelanos ao mercado de trabalho em 90 dias.
*Colaborou Pedro Rafael Vilela