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Yanomamis liberam servidores retidos em Roraima

Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 18/09/2018 - 23:02
Brasília

Servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) em Roraima, que estavam retidos na região de Surucucu, em Alto Alegre, Norte de Roraima, desde domingo, já foram liberados e começaram a deixar a região hoje (18). Os servidores estavam sob a guarda de índios Yanomami, que protestavam contra a morte de duas crianças indígenas.

De acordo com informações preliminares da Fundação Nacional do Índio (Funai), a liberação começou no final da tarde desta terça-feira. Dos 17 funcionários da Sesai, quatro servidores voltaram para Boa Vista em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Os demais devem retornar nesta quarta-feira (19).

A assessoria da Funai, que acompanhava a situação, disse não ter detalhes sobre o processo de negociação. “A Funai tem acompanhado o caso por meio da equipe local, colocando-se à disposição para contribuir”, disse a assessoria. “No entanto, as negociações são realizadas entre os indígenas e a Sesai, o que foge da possibilidade de nos pronunciarmos sobre o caso”, informou à Agência Brasil a assessoria da Funai.

O impasse teve início após a morte de duas crianças yanomamis. Os índios cobram da Sesai, ligada ao Ministério da Saúde, melhorias no atendimento médico às comunidades. Além de melhor atendimento, também foi pedida a exoneração do coordenador do distrito da Sesai que atende a comunidade Yanomami. De acordo com os índios, o coordenador não estaria atendendo às demandas das comunidades.

A reportagem da Agência Brasil tentou falar com a Sesai em Roraima para saber os detalhes da negociação, mas não obteve contato.

No domingo, os índios retiveram as três aeronaves usadas pelos profissionais da Sesai, que prestam serviço de atendimento à saúde nas aldeias. Ontem (17), o governo disse que as equipes não havia sido sequestradas pelos indígenas. “Nenhum profissional foi retido ou preso pelos indígenas e não há descontinuidade nos atendimentos”, informou o ministério, em nota.

Mortes de bebês

A manifestação dos indígenas ocorre após a morte de dois bebês. Um recém-nascido de 29 dias morreu, segundo o governo, em decorrência de broncoaspiração (por regurgitação), no último dia 31 do mês passado. Um outro bebê, de 12 dias, também morreu ontem, aparentemente em virtude de complicações decorrentes de uma pneumonia. O ministério diz que lamenta a morte das crianças e informa que os dois casos são de “investigação obrigatória”.

Os índios reivindicam a saída do coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, Rousicler de Jesus Oliveira. Na nota, o Ministério da Saúde informa que a nomeação de cargos de livre provimento é atribuição exclusiva do Poder Executivo, mas que mantém “o compromisso de continuar trabalhando em diálogo constante com as lideranças para a ampliação e a qualificação das ações de saúde de todos os indígenas brasileiros, garantindo o pleno exercício do controle social”.