Procurador-geral da Venezuela acusa antecessora por mortes em protestos
O novo procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou nesta quinta-feira sua antecessora, Luisa Ortega Díaz, de ser a "autora intelectual" de todas as mortes ocorridas durante a onda de protestos que começou em abril contra o governo de Nicolás Maduro e que já deixou mais de 120 mortos. A informação é da EFE.
"Eu a considero a autora intelectual de cada um dos incidentes que deixaram mortos e feridos desde o dia 1º de abril", disse Saab perante a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), que o designou no cargo há quase duas semanas, depois de remover Luísa Ortega e acusá-la de "faltas graves".
A ex-procuradora-geral se distanciou do governo no final de março, ao denunciar a ruptura do fio constitucional por parte do Tribunal Supremo - o que detonou a onda de protestos - e depois acusou o Executivo de cometer "terrorismo de Estado" pela repressão contra cidadãos que participaram das manifestações.
"A sua declaração de 31 de março tinha intenção de provocar uma guerra civil neste país, [para] que houvesse uma intervenção estrangeira, que houvesse uma ocupação militar neste país. Eu a denuncio como uma agente da conspiração, a mais terrível que viveu esta nação", destacou.
Saab, um fiel defensor da chamada revolução bolivariana, afirmou que cada declaração de Ortega durante os quatro meses de protestos "gerava mais mortos e feridos".
O novo procurador-geral considerou que sua antecessora "apostou na dissolução do Estado" e desenvolveu uma "aberrante atuação" durante os quase 10 anos que trabalhou como titular do Ministério Público, uma instituição, segundo Saab, convertida em um "cartel de extorsão" e que mantinha uma "guerra de impunidade" no país.