Papa pede "verdade e justiça" sobre explosão no Porto de Beirute
O papa Francisco pediu nesta segunda-feira (26) "verdade e justiça" em relação à explosão no Porto de Beirute, que fez mais de 220 mortos e mais de 6.500 feridos há quatro anos.
"Peço verdade e justiça, que ainda não chegaram. Todos sabemos que o assunto é complicado e espinhoso e que sobre o caso pesam poderes e interesses conflituosos", declarou Francisco ao receber as famílias das vítimas numa audiência.
"Mas a verdade e a justiça devem prevalecer sobre tudo. Quatro anos se passaram, o povo libanês, e vós [os familiares das vítimas] antes de tudo, têm o direito a palavras e ações que demonstrem responsabilidade e transparência", acrescentou o papa.
Em 4 de agosto de 2020, uma das maiores explosões não nucleares da história devastou bairros inteiros da capital libanesa, matando mais de 220 pessoas e ferindo mais de 6.500.
O primeiro juiz encarregado da investigação em 2020 teve de deixar o caso, após ter acusado um ex-primeiro-ministro e três antigos ministros.
O seu sucessor, Tarek Bitar, por sua vez, atacou os líderes políticos, mas o Parlamento recusou-se a levantar a imunidade dos deputados acusados. O Ministério do Interior opôs-se ao interrogatório de quadros superiores e as forças de segurança recusaram-se a executar mandados de detenção.
Francisco denunciou ainda o fato de o Líbano estar "pagando o preço" da guerra no Oriente Médio, onde todos os dias "morrem tantas pessoas inocentes".
"O Líbano é e deve continuar a ser um projeto de paz", disse o papa, um dia depois de vários ataques israelenses atingirem o território libanês para impedir um ataque do grupo xiita Hezbollah.
O conflito entre Israel e o Hezbollah cresceu desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, quando o grupo islâmico palestino Hamas - aliado do Hezbollah e do Irã - atacou o território israelense, provocando posteriormente a resposta militar no enclave palestino por parte das forças de Israel.
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