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Internacional

Agência diz que não há comida ou água em Gaza e pede trégua imediata

"As pessoas vivem com medo da morte a cada segundo", alerta
Lusa*
Publicado em 22/10/2024 - 10:20
JERUSALÉM
Ataque israelense na área de Al-Mawasi, em Khan Younis, sul de Gaza
 10/9/2024   REUTERS/Mohammed Salem
© REUTERS/Mohammed Salem/Proibida reprodução
Lusa

O diretor da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou nesta terça-feira (22) que se tornou impossível encontrar comida, água ou cuidados médicos no norte da Faixa de Gaza e exigiu uma trégua imediata da ofensiva israelense.

"No norte de Gaza, as pessoas estão apenas à espera da morte", disse Philippe Lazzarini, em comunicado publicado na rede social X.

As pessoas "sentem-se abandonadas, desesperadas e sozinhas" e "vivem com medo da morte a cada segundo", acrescentou, lembrando que "o número de mortos continua a aumentar" após "quase três semanas de bombardeios contínuos por parte das forças israelenses".

Segundo o representante da agência, "o cheiro da morte está por todo o lado, já que os corpos jazem nas ruas ou sob os escombros", mas "as missões [de ajuda] continuam sem permissão para remover os corpos ou prestar assistência humanitária".

Por isso, afirmou Lazzarini, é fundamental fazer "uma trégua imediata, nem que seja por algumas horas", para permitir "a passagem das famílias que queiram sair da área e chegar a locais mais seguros".

Isso "é o mínimo para salvar a vida de civis que nada têm a ver com esse conflito", concluiu.

O Exército israelense lançou uma ofensiva contra Gaza após os ataques feitos pelo grupo islâmico em 7 de outubro de 2023, que fizeram cerca de 1.200 mortos e quase 250 reféns.

Os ataques israelenses já fizeram mais de 42 mil mortos entre os palestinos, aos quais se somam mais de 750 mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental feitos pelas forças de segurança israelenses e por ataques de colonos.

O Ministério da Saúde de Gaza também afirmou hoje que o sistema de saúde na região está à beira "da catástrofe".

"O Hospital Kamal Adwan está em situação mais que catastrófica, já que a porta foi bombardeada. Bombas foram lançadas contra as ambulâncias do hospital, mas não explodiram. Os andares superiores da unidade estão sendo atacados, a unidade ruiu completamente e por isso ninguém pode entrar ou sair", afirmou o ministério em comunicado.

 Além disso, a maior parte do material médico do hospital, como as unidades de sangue, já não está disponível e o pessoal de saúde e os doentes estão "em situação de extremo perigo".

"As forças israelenses estão disparando contra nós de todas as direções. As pessoas estão aterrorizadas. Mas não vamos abandonar o Hospital Kamal Adwan nem deixar os feridos e os doentes sozinhos", disse o diretor Hossam Abu Safieh, citado pela agência de notícias espanhola Efe.

O diretor do hospital indonésio Marwan Sultan, localizado no norte de Gaza, alertou para a possibilidade de mais doentes morrerem após o cerco israelense imposto à unidade. 

Nessa segunda-feira, a Casa Branca avisou Israel que precisa fazer "muito mais" para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

"Vimos alguns progressos em algumas coisas, mas ninguém no governo dos Estados Unidos dirá que estamos satisfeitos ou que consideramos satisfatória a situação humanitária em qualquer parte de Gaza", disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, em entrevista.

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