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Internacional

Mais de 400 mil crianças são deslocadas no Líbano em três semanas

Unicef alerta sobre "possível geração perdida"
Lusa*
Publicado em 15/10/2024 - 08:48
Beirute
Palestina- 01/09/2024 Crianças palestinas são vacinadas contra a poliomielite, em um centro de saúde das Nações Unidas em Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza.  REUTERS/Ramadan Abed
© REUTERS/Ramadan Abed/Proibida redprodução
Lusa

Mais de 400 mil crianças foram deslocadas nas últimas três semanas no Líbano, informou nesta terça-feira (15) hoje um alto funcionário do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), alertando sobre uma possível “geração perdida” devido à guerra entre o Hezbollah e Israel.

O diretor executivo adjunto para as ações humanitárias do Unicef, Ted Chaiban, visitou escolas que foram transformadas em abrigos para acolher famílias deslocadas no Líbano.

“O que me impressionou foi que essa guerra tem três semanas e tantas crianças já foram afetadas”, disse Chaiban à agência de notícias Associated Press (AP) em Beirute.

“Hoje, enquanto estamos aqui, 1,2 milhão de crianças estão privadas de educação. As escolas públicas tornaram-se inacessíveis, foram danificadas pela guerra ou estão sendo utilizadas como abrigos. A última coisa de que esse país precisa, além de tudo o que já passou, é do risco de uma geração perdida”, afirmou o representante do Unicef.

“É preocupante saber que temos centenas de milhares de crianças libanesas, sírias e palestinas que correm o risco de perder a aprendizagem”, disse Chaiban.

Mais de 2.300 pessoas no Líbano foram mortas em ataques israelenses, quase 75% delas no último mês, segundo o Ministério da Saúde libanês. Nas últimas três semanas, mais de 100 crianças foram mortas e mais de 800 ficaram feridas, acrescentou Chaiban.

Ele lembrou que as crianças deslocadas estão amontoadas em abrigos superlotados, onde três ou quatro famílias podem viver numa sala de aula separada por uma lona de plástico e onde 1.000 pessoas podem partilhar 12 banheiros. Muitas famílias deslocadas montaram tendas ao longo das estradas ou em praias públicas.

Embora algumas escolas privadas libanesas ainda estejam em funcionamento, o sistema escolar público foi gravemente afetado pela guerra, juntamente com as pessoas mais vulneráveis do país, como os refugiados palestinos e sírios.

A escalada de violência deixou fora de serviço mais de 100 unidades de cuidados de saúde primários e 12 hospitais já não funcionam ou estão a atender de forma parcial.

Nas últimas três semanas, 26 estações que fornecem água a quase 350 mil pessoas foram danificadas. O Unicef trabalha com as autoridades locais para repará-las, segundo Chaiban.

“O que devemos fazer é garantir que isso acabe, que essa loucura acabe, que haja um cessar-fogo antes de chegarmos ao tipo de destruição, dor, sofrimento e morte que vimos em Gaza”, disse Chaiban.

Com tantas necessidades, o apelo de resposta de emergência de US$ 108 milhões para o Líbano só foi financiado em 8% três semanas após o início da escalada.

Chaiban pediu que a infraestrutura civil seja protegida e apelou a um cessar-fogo no Líbano e em Gaza, afirmando que é necessário haver vontade política e uma compreensão de que o conflito não pode ser resolvido por meios militares.

Após um ano de trocas de tiros na fronteira, Israel intensificou sua campanha contra o grupo xiita Hezbollah no Líbano nas últimas semanas, incluindo operações terrestres.

Os combates no Líbano expulsaram 1,2 milhão de pessoas de suas casas, a maioria das quais fugiu para Beirute e outras partes do norte nas últimas três semanas desde a escalada da violência.

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