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Internacional

Taxa de aquecimento dos oceanos quadruplicou em 40 anos

Temperaturas oceânicas sem precedentes ocorreram em 2023 e 2024
Lusa*
Publicado em 28/01/2025 - 09:54
Lisboa
Mar de ressaca no Rio de Janeiro após ciclone extratropical ir para o oceano
© Fernando Frazão/Agência Brasil
Lusa

A taxa de aquecimento dos oceanos mais do que quadruplicou nos últimos 40 anos, o que motivou temperaturas oceânicas sem precedentes em 2023 e início de 2024, indica estudo divulgado nesta terça-feira (28).

O estudo, publicado na revista “Environmental Research Letters”, informa que as temperaturas dos oceanos estavam aumentando cerca de 0,06 graus Celsius por década no final dos anos 1980 e agora estão aumentando 0,27 graus por década.

Chris Merchant, professor da Universidade de Reading, na Inglaterra, e autor principal do estudo, usou o exemplo de uma banheira para explicar o que se passa com os oceanos.

“Se os oceanos fossem uma banheira de água, então, na década de 1980, a torneira quente estava correndo lentamente, aquecendo a água em apenas uma fração de grau a cada década. Mas agora a torneira quente corre muito mais depressa e o aquecimento acelerou. A forma de abrandar esse aquecimento é começar a fechar a torneira de água quente, cortando as emissões globais de carbono e avançando para o zero líquido”, explicou.

A aceleração do aquecimento dos oceanos é impulsionada pelo crescente desequilíbrio energético da Terra, que absorve mais energia do Sol do que a que escapa para o espaço. Esse desequilíbrio quase duplicou desde 2010, em parte devido ao aumento das concentrações de gases de efeito estufa e porque a Terra está agora refletindo menos luz solar do que antes.

As temperaturas globais dos oceanos atingiram máximas históricas durante 450 dias seguidos em 2023 e no início de 2024. Parte desse aquecimento deveu-se ao “El Niño”, fenômeno natural e temporário de aquecimento das águas no Oceano Pacífico e que influencia o clima no planeta.

Mas quando os cientistas fizeram a comparação com outro evento, o  “El Niño” semelhante, em 2015-16 concluíram que o resto do calor recorde é explicado pelo fato de a superfície do mar ter aquecido mais rapidamente nos últimos 10 anos do que nas décadas anteriores. Assim, 44% do aquecimento recorde foram atribuídos à absorção de calor pelos oceanos em ritmo acelerado.

De acordo com os cientistas, a taxa de aquecimento global dos oceanos observada nas últimas décadas não é um guia preciso para o que vai acontecer a seguir, sendo possível que o aumento da temperatura dos oceanos registrado nos últimos 40 anos seja ultrapassado nos próximos 20 anos, em metade do tempo.

O aquecimento acelerado mostra a urgência de reduzir a queima de combustíveis fósseis, para evitar aumentos de temperatura ainda mais rápidos no futuro e para começar a estabilizar o clima.

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