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Internacional

Israel bombardeia Síria e pede a israelenses que deixem o país

Aviões atacaram centros de comando
Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 26/02/2025 - 11:07
Brasília
People gather near a damaged site after what Syrian and Iranian media described as an Israeli air strike on Iran's consulate in the Syrian capital Damascus April 1, 2024. REUTERS/Firas Makdesi
© REUTERS/Firas Makdesi

As formas armadas de Israel bombardearam o sul da Síria, nessa terça-feira (25), enquanto ocorria a Conferência Nacional de Diálogo da Síria, que pediu a retirada das forças israelenses do país árabe.

A conferência foi promovida pelo novo poder que assumiu o país em dezembro de 2024, quando grupos insurgentes derrubaram o regime do então presidente Bashar al-Assad após 13 anos de guerra civil.

Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), aviões bombardearam centros de comando e vários locais contendo armas. “A presença de forças e ativos militares na parte sul da Síria representa uma ameaça aos cidadãos de Israel. A FDI continuará a operar para remover qualquer ameaça aos cidadãos do Estado de Israel”, disse o exército israelense.

Infiltração é condenada

Enquanto isso, a declaração final da conferência síria condenou “a infiltração israelense no território sírio como uma violação flagrante da soberania do Estado sírio, exigindo sua retirada imediata e incondicional”, informou a agência oficial síria de notícias, a Sana.

O novo presidente sírio, Ahmad al-Sharaa, no discurso de encerramento do evento, enfatizou que o país é “indivisível”. O documento final da conferência pede ainda que a comunidade internacional pressione o governo de Tel-Aviv para interromper as agressões ao território sírio.

Após a queda de Assad, Israel assumiu o controle do Monte de Hermon, área de 400 km² até então desmilitarizada, mas que estava sob controle sírio. Segundo a ONU, essa nova ocupação viola os acordos e leis internacionais. 

Esse espaço recém-ocupado separa as Colinas de Golã, território sírio ocupado por Israel desde 1967, do restante do território do país árabe. As duas nações ainda disputam o controle sobre as Colinas de Golã, que Israel quer anexar definitivamente, tendo, para isso, o apoio do atual presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump.  

Zona tampão

O ministro de Defesa de Tel-Aviv, Israel Kartz, afirmou que o país ficará na zona tampão por tempo indeterminado. “Não permitiremos que as forças da organização HTS, ou o novo exército sírio, entrem na área ao sul de Damasco. Exigimos a desmilitarização completa do sul da Síria”, disse Kartz, acrescentando que não serão toleradas ameaças a comunidade drusa no sul do país, considerada uma minoria étnica da Síria.

O HTS [Hayat Thrir al-Sham] é o grupo islâmico fundamentalista que liderou os insurgentes que derrubaram Assad. O novo presidente sírio, Ahmad al-Sharaa, é oriundo dessa organização, que nasceu como um braço da Al-Qaeda do Iraque, sendo considerado grupo terrorista por potências ocidentais.

As ações de Israel provocaram protestos no sul da Síria nessa terça-feira. Segundo a agência oficial de notícias do país, sindicatos e outros grupos civis rejeitaram a interferência israelense nos assuntos internos do país árabe.

“Os manifestantes enfatizaram sua rejeição aos projetos divisionistas e separatistas, convocando todas as atividades nacionais para confrontar o projeto israelense proposto”, informou a agência oficiosa