França alerta que risco de guerra na Europa nunca foi "tão alto"
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
Um dia depois de uma cúpula em Londres e da proposta franco-britânica para uma trégua de um mês na Ucrânia, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Nöel Barrot, disse que o "risco de guerra no continente europeu nunca foi tão alto" como agora. Em entrevista nesta segunda-feira (3), ele admitiu que "a linha de frente [russa] está constantemente se aproximando" e citou as ambições imperialistas" de Moscou, particularmente com a invasão da Ucrânia.
"O risco de guerra no continente europeu, na União Europeia, nunca foi tão alto porque, durante quase 15 anos, a ameaça continuou a se aproximar de nós, a linha da frente continuou a se aproximar", declarou Barrot à Rádio France Inter, poucas horas antes de debate no Parlamento francês sobre a guerra na Ucrânia e a segurança na Europa.
É por isso que a França, explicou o chefe da diplomacia francesa, tem dito há sete anos que é preciso intensificar as defesas para conter a ameaça.
“O que estamos a testemunhar hoje, o que testemunhamos no domingo em Londres, é o despertar de toda uma seção de europeus que se recusou a ver a realidade das coisas”, lamentou. Acrescentou que os países europeus estão agora convencidos da necessidade "de que a Europa seja capaz de garantir a própria defesa e a própria segurança”, além de ter “os meios necessários para nunca mais ter que perguntar aos Estados Unidos o que eles podem fazer pela segurança europeia".
EUA não querem abandonar a Ucrânia
No domingo, o presidente francês garantiu que os participantes do encontro em Londres estão determinados a agir por uma paz duradoura na Ucrânia e a tomar medidas para garantir a segurança coletiva. Trata-se de um plano elaborado entre Londres e Paris, que incluiria “um ou dois outros países” e aqueles que queiram se juntar, formando uma coligação de interessados, o que será posteriormente transmitido a Washington.
As palavras "Terceira Guerra Mundial" foram proferidas pelo presidente norte-americano na sexta-feira (28), numa discussão com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante encontro na Casa Branca. Na entrevista à rádio francesa, Barrot lembrou que não é a primeira vez que Donald Trump menciona essas palavras.
"Teríamos preferido que essa conferência de imprensa tivesse sido diferente? A resposta é sim. Vemos em Volodymyr Zelensky um grande lutador da resistência, um herói? A resposta é sim. O nosso papel é fazer acusações ou dar lições de moral? Não”, afirmou o governante francês.
Apesar da polêmica e tensa reunião entre o líder ucraniano e o homólogo norte-americano, que muitos viram como uma “humilhação” de Trump a Zelensky, o ministro francês disse acreditar que os Estados Unidos não têm interesse em abandonar a Ucrânia ou a Europa.
"Acredito que é do interesse dos Estados Unidos, é até mesmo o destino natural do país, estar no campo da Ucrânia. Se a Ucrânia capitulasse, não seria apenas uma notícia terrível para esse país, uma notícia terrível para os europeus, mas também uma admissão terrível de fraqueza para os Estados Unidos”, considerou Barrot.
O Reino Unido e a França querem propor uma trégua "no ar, nos mares e na infraestrutura energética", o que "servirá para demonstrar a boa-fé de Vladimir Putin quando ele se comprometer com essa trégua". É nessa altura, disse o ministro francês, que “as verdadeiras negociações de paz vão começar, porque queremos paz, mas queremos paz sólida e duradoura”.
“Uma paz que ponha fim definitivo ao que tem ocorrido no leste do continente há 15 anos”.
"Para pôr fim à guerra de agressão russa na Ucrânia, queremos que os Estados Unidos, por meio de pressão, consigam levar Vladimir Putin à mesa de negociações e a concordar em pôr fim de uma vez por todas às suas ambições imperialistas, que levaram a linha de frente a estar cada vez mais perto de nós".
Jean-Noël Barrot considerou "possível", num futuro imediato, retomar o diálogo entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky após a acalorada conversa.
"Acredito que há desejo de ambos os lados, uma consciência partilhada de que é do interesse da Ucrânia, do interesse dos europeus e do interesse dos norte-americanos garantir que as ambições imperialistas russas sejam interrompidas", afirmou.
Nas últimas horas, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, ordenou uma pausa em todas as operações cibernéticas do país contra a Rússia, incluindo ações ofensivas. Essa pausa faz parte de um processo de reavaliação das operações dos EUA contra a Rússia e sua duração não está claramente definida, segundo o New York Times.
Na entrevista, o ministro francês admitiu ter tido "um pouco de dificuldade para entender" a pausa ordenada por Hegseth.
"Em relação aos ataques cibernéticos, os países da União Europeia são constantemente atacados pela Rússia dessa forma", destacou. "Tenho um pouco de dificuldade para entender essa decisão".
A pausa ocorre no momento em que Trump está no processo de liderar uma reaproximação histórica com Moscou. Uma mudança de política externa, decidida sem consulta aos europeus e que ameaça a Europa, que durante décadas delegou a responsabilidade pela própria segurança e proteção.
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