27 de abril, Dia da Trabalhadora Doméstica. Viva Maria hoje saúda uma mulher que aprendeu a tocar literatura de ouvido! Militante dos movimentos de valorização da cultura negra, Conceição foi uma leitora obsessiva de autores brasileiros na juventude e começou a publicar os primeiros contos em 1990, já madura, na série Cadernos Negros, editado pelo grupo Quilombhoje, de São Paulo. Dez anos mais tarde, ela publicou o romance Ponciá Vicêncio, e em seguida saiu Becos da Memória, que manteve vinte anos na gaveta.
Em 2007, seu primeiro livro tornou-se leitura obrigatória para o vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais, abrindo as portas para um público mais amplo, especialmente jovens. O romance Ponciá Vicêncio já foi traduzido para o inglês e é comercializado nos Estados Unidos. Em março, quando compareceu ao Clube do Livro, em Paris, Conceição foi um dos destaques da delegação brasileira. Habituada com a curiosidade que sua presença nesses ambientes costuma despertar até hoje, ela gosta de lembrar que, “quando mulheres do povo como eu nos dispomos a escrever, estamos rompendo com o lugar que normalmente nos é reservado. A mulher negra pode cantar, pode dançar, pode cozinhar, pode se prostituir, mas escrever não."
Vamos conhecer um pouco mais essa mineira de Belo Horizonte, onde nasceu em 1946. Conceição Evaristo passou a infância numa favela, onde dividia o espaço com nove irmãos. Foi obrigada a trabalhar como empregada doméstica desde os oito anos mas, estimulada pela mãe, nunca deixou de estudar. Conceição terminou o curso normal quando já havia completado 25 anos – mas a partir daí não parou mais.
Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou no magistério através de concurso, tornando-se professora da rede pública. Mais tarde, mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica, e hoje é doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Conceição Evaristo é uma história de resistência!
Viva Maria : Programete que aborda assuntos ligados aos direitos das mulheres e outros aspectos da questão de gênero. É publicado de segunda a sexta-feira.