Exposição tem obra de Mário Cravo Junior com madeira do Mercado Modelo

O tempo pode destruir ou transformar, e é nesse movimento que a exposição Cabeças de Tempo se insere, trazendo à tona um conjunto de esculturas de Mário Cravo Júnior, que ressignificam a madeira atingida pelo incêndio no Mercado Modelo.

As obras, produzidas nos anos de 1980, exploram a temática das cabeças. Para a curadora Thais Darzé, ela apresenta um recorte singular da produção do artista, destacando a capacidade de reinventar materiais e conceitos ao longo da trajetória.

“É um traço da produção de Mário, do corpo de obra do Mário Cravo Júnior. É justamente se apropriar de materiais, de sucata, de expurgo, de materiais ordinários que iriam para o lixo, né? E ele ressignifica esses materiais, os dando nova vida, novos sentidos, novos significados, com muita profundidade, né? Um universo simbólico muito rico. Então, ele pega nessa série, em especial, eu digo que é uma série muito especial, justamente nesse sentido, porque ele pega o expurgo de uma grande tragédia que acomete o edifício do Mercado Modelo, a antiga alfândega de Salvador, um acidente que envolve perdas e ressignifica todo esse material, os transformando em linguagem do seu povo, em obra de arte, em memória”.

Mário Cravo Júnior foi um dos pioneiros da arte moderna na Bahia, e teve uma atuação marcante em eventos importantes, como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo. Thaís Darzé afirma que a exposição é uma oportunidade para o público se aproximar de obras aclamadas desse grande artista baiano.

“Especialmente porque a gente está tratando de uma série específica, então não é uma exposição retrospectiva, mas também é uma série muito importante e muito aclamada pelo sistema tradicional das artes. É importante lembrar que existem quatro exemplares dessa série que hoje fazem parte do acervo permanente do MASP, então eu considero um encontro com uma grande relíquia de uma produção muito especial, de um grande artista moderno, baiano e brasileiro”.

A mostra Cabeças de Tempo, de Mário Cravo Júnior, acontece no Palacete do Tira-Chapéu, na Praça Municipal, em Salvador, até 6 de março. A entrada é gratuita.