Dados do Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, revelam um aumento no número de denúncias de casos de violações aos direitos de crianças e adolescentes durante a Copa do Mundo.
Nos dias do mundial, entre 12 de junho e 13 de julho, foram registradas 740 denúncias de exploração sexual, o que representa um aumento de 41,22% em relação ao mesmo período do ano passado.
Perla Ribeiro, representante da Anced – Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente – avalia que as ações de enfrentamento e combate à exploração sexual de crianças e adolescentes foram iniciadas tardiamente, depois do início das obras de infraestrutura para o mundial.
Além disso, a articulação teria parado após a Copa das Confederações, em 2013, e só retomou no período mais próximo à Copa da Fifa, e de forma bem pontual. "Nossa avaliação é que infelizmente começou de forma tardia. As articualções tiveram uma intesidade, umas melhores do que outras, com relação às próprias secretarias de estado. MAs de forma muito pontual, durante a Copa, em alguns lugares, na Fan Fest", diz Perla.
Reportagem da Agência Brasil e da Radioagência Nacional publicada há um mês já apontava um aumento nacional de 16% das denúncias de violações contra crianças e adolescentes durante a Copa. Antes mesmo do mundial, esse aumento já era previsto e foi tema da reportagem especial Direitos das Crianças no país da Copa, produzida pelas equipes da EBC sob a coordenação da Radioagência Nacional.
A preocupação das organizações em defesa dos direitos da infância e da adolescência não é só com as denúncias, mas com o atendimento às vítimas de violações. De acordo com Cecília Góis, assessora comunitária do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará, o Cedeca, as políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes não avançaram nesse período. "A gente meio que permanece na mesma situação. Ou seja, a Copa não teve um impacto positivo na área do enferentamento da violência sexual", considera Cecília.
Com o fim da Copa, a atenção se volta para as Olimpíadas, que ocorrerão em 2016, no Rio de Janeiro. A cidade, que também foi palco do Mundial da Fifa, já possui um comitê articulado voltado para a área da infância.
Alexandre Nascimento, integrante do Comitê de Proteção Integral da Criança e do Adolescente para os megaeventos no Rio de Janeiro, destaca que o momento agora é de pensar nas ações para os próximos anos. "A gente nesse momento está justamente realizando um plano de ação para os anos de 2015 e 2016 com a finalidade de aprimorar os mecanismos que foram mobilizados para esse período da Copa", conta Alexandre.
Para as Olimpíadas, a ideia é reforçar as campanhas de mobilização, além de capacitar mais profissionais de educação e melhorar a estrutura de fiscalização e atendimento de casos notificados. Além da exploração sexual, outras violações aos direitos de crianças e adolescentes podem ser denunciadas pelo Disque 100.