No dia 28 de novembro do ano passado, 111 tiros foram disparados por quatro policiais contra um grupo de jovens que passava de carro por uma rua no bairro de Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro. Sessenta e três atingiram o veículo matando na hora Wesley Rodrigues, Wilton Esteves, Carlos Eduardo da Silva, Roberto de Souza e Cleiton Corrêa.
Os cinco amigos, com idades entre 16 e 25 anos, estavam indo lanchar depois de passar o dia no Parque Madureira comemorando o primeiro emprego de Roberto.
Até hoje, os familiares aguardam o julgamento dos policiais que sequer tem data marcada. O pai de Roberto, Jorge Roberto Lima, diz que isso, além de manter o caso, em aberto gera insegurança de que os policiais consigam sair da prisão preventiva.
Sonora: "Os familiares e a sociedade estão esperando uma sentenção condenatória. Aí sim fechou um ciclo. Cinco jovens sairam para comemorar o primeiro emprego e na volta foram executados de maneira covarde. Resultado final: sentença condenatória. Reparou o dano. O dano foi reparado. Não vai trazer de volta os nossos meninos, mas vai fechar a história."
Isso aconteceu em junho quando o Superior Tribunal de Justiça deu parecer favorável, suspendendo a prisão preventiva dos policiais Thiago Barbosa, Márcio Darcy dos Santos, Antônio Carlos Gonçalves Filho e Fábio Oliveira.
Dois meses depois a prisão foi reeestabelecida, atendendo pedido do Ministério Público Estadual e desde então 28 habeas corpus foram impetrados sem sucesso.
Durante um protesto realizado na frente do Tribunal de Justiça nesta segunda-feira a mãe de Carlos Eduardo, Adriana Pires, revelou que ainda tem dificuldades de seguir com a vida após o assassinato do filho.
Sonora: "Eu achei uma carta dele que ele falou do futuro dele, que ele queria casar e ter dois filhos igual eu tive, né? Eu chorei em ver. Aqueles assassinos eles tiraram o direito de ele viver. Meu filho já partiu e eu creio que ele tá melhor que eu. Mas cabe eu lutar aqui na terra porque eu quero subir aqui em cima e ver ele sendo condenado."
Além de responderem por homicídio qualificado, os quatro policiais também são acusados de fraude processual por terem tentado adulterar a cena do crime colocando uma arma na mão de uma das vítimas e outra próximo ao veículo para simular um confronto que justificasse os disparos. No entanto, a perícia feita pelo Polícia Civil constatou que nenhum tiro saiu de dentro do carro dos rapazes.