Testemunhas e familiares de vítima de violência policial sofrem ameaça em PE
Ameaças a testemunhas e familiares de Edvaldo Alves da Silva foram denunciadas nesta quarta-feira durante reunião da Comissão de Cidadania, Diretos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco para tratar do caso.
O jovem foi baleado pela Polícia Militar de Pernambuco, durante manifestação contra a violência realizada na última sexta-feira em Itambé, interior de Pernambuco.
Edvaldo foi atingido à queima-roupa e está em coma, internado na UTI do Hospital Miguel Arraes.
O caso ganhou repercussão com um vídeo, divulgado nas redes sociais, que mostra o momento em que ele leva o tiro, é arrastado e agredido pela PM e jogado na carroceria da caminhonete, modelo da viatura.
As denúncias foram apresentadas pela família de Edvaldo e o advogado Ronaldo Jordão. O irmão da vítima, José Roberto da Silva Santos, diz que na segunda-feira, ele foi abordado por dois homens enquanto acompanhava um grupo para que doassem sangue a Edvaldo no Recife.
Sonora: “Chegou lá e procurou: quem é o irmão dele, estava lá dentro doando sangue. Quando veio falar já fiquei com medo, assustado, porque nunca vi, né? Também queria saber quem era a jovem que estava no vídeo, sobre o que aconteceu no momento, tudinho, né?"
Segundo o advogado da família, Ronaldo Jordão, os homens se identificaram como membros da Corregedoria da Polícia Militar. Mas a Secretaria de Defesa Social informou, por e-mail, que a Corregedoria está investigando a conduta dos policiais, mas não realizou qualquer contato com a família de Edvaldo Alves.
Além disso, Ronaldo Jordão denuncia que uma testemunha chave sofreu intimidação por meio de rede social e teve seu estabelecimento fechado por militares que não participaram do atentado, mas que trabalham em Itambé.
Sonora: “O que nós queremos é que seja retirado de lá os policiais que fazem policiamento em Itambé, trocados imediatamente por policiais efetivamente isentos do caso, que não venham para a cidade trabalhar com base em corporativismo, sob pena das testemunhas oculares não quererem depor por puro medo.”
A Secretaria de Defesa Social informou que a Polícia Civil está apurando as denúncias de ameaça, e pediu inclusão do irmão de Edvaldo no programa de proteção a testemunhas.
Durante a reunião da Comissão de Cidadania, Diretos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco, o presidente do colegiado, deputado estadual Edilson Silva, propôs a realização de reuniões da comissão com instituições que poderiam cobrar mais rapidez do governo estadual para resolver o caso e prender os policiais que aparecem no vídeo.
Os membros da Comissão que fazem parte da base governista se opuseram à proposta e derrubaram a iniciativa por três votos a um. No lugar das reuniões será enviado um ofício relatando as denúncias feitas pela família e o advogado Ronaldo Jordão.