A Justiça do Pará mandou prender 16 acusados por chacina em Pau D’Arco (PA), que vão à júri popular.
A decisão é da juíza Elaine Neves de Oliveira, da Vara Criminal da Comarca de Redenção. A magistrada retirou a acusação contra Francisco Ragau Cipriano de Almeida por considerar o depoimento de testemunhas que afirmaram que ele não esteve no local do crime, devido à problemas mecânicos em seu veículo.
Os acusados são policiais militares e civis do Pará que participaram de uma operação na Fazenda Santa Lúcia, contra trabalhadores rurais sem-terra, em maio de 2017. O resultado da ação foi dez trabalhadores mortos e dois sobreviventes feridos.
A juíza separou os crimes por dois grupos de atuação. O primeiro, segundo a acusação, comandado por Carlos Kened Gonçalves de Souza investiu a pé pela mata.
A segunda equipe foi comandada pelo delegado Valdivino Miranda e, quando chegaram ao local dos fatos, algumas vítimas ainda estavam vivas. De acordo com a denúncia, há indícios de que todos concordaram que as vítimas fossem eliminadas de modo a manter íntegra a versão de confronto com as vítimas.
A sentença foi proferida nessa terça-feira (19) e cabe recurso.
Todos os acusados vão responder pelos crimes de homicídio qualificado das dez vítimas.
Outras acusações como tentativa de homicídio, tortura, associação criminosa e fraude processual são imputadas a alguns acusados.
Dois réus fizeram delação premiada: Raimundo Nonato de Oliveira Lopes e Valdivino Miranda da Silva Junior. Eles pediram perdão judicial, o que deve ser decidido apenas durante o julgamento.
A reportagem conversou com Adilson Vitorino, advogado de defesa de oito dos 16 acusados. Vitorino afirma que ainda não foi intimado, mas que vai recorrer da sentença.
A defesa quer anular a decisão alegando que o direito de defesa foi cerceado e que não há prova de autoria dos homicídios. Segundo Vitorino, os acusados agiram em total cumprimento legal, foram recebidos a tiros e revidaram no meio da mata.
Perícia da Polícia Federal indica que não houve confronto e que os policiais teriam atirado contra os trabalhadores rurais em uma ação planejada.