A cidade de São Paulo registrou no censo de rua de 2019, 24 mil e 300 pessoas em situação de rua, um aumento de 60% com relação a 2015, quando havia 15 mil pessoas. O número foi apresentado na manhã desta sexta-feira (31), durante coletiva na prefeitura. Mas, movimentos de moradia presentes contestaram o número, afirmando que cerca de 32 mil em toda a cidade.
O censo foi feito pela empresa Qualitest no mês de outubro. Sua metodologia também foi contestada pelos movimentos sociais. Anderson Miranda, coordenador do movimento nacional da população de rua afirmou que equipes da GCM e da Policia Militar retiraram moradores de rua antes da passagem da equipe do censo. E que a pesquisa feita não contabilizou barracos e palafitas como moradores em situação rua.
Os secretários presentes não responderam a questão sobre uso das polícias, apresentada por Anderson Miranda. Mas, sobre a questão de não contabilizar barracos, a secretaria de Assistência Social Berenice Gianella afirmou que a prefeitura segue a metodologia estabelecida por decreto federal desde 2009.
A prefeitura também apresentou metas para diminuir a quantidade da população nas ruas. Uma delas é de remunerar melhor a abordagem bem sucedida de assistentes sociais. Isto é, aquela em que o morador for encaminhado para o albergue. Atualmente, as organizações contratadas pela prefeitura recebem cerca de R$356 por abordagem a morador de rua. A intenção da prefeitura é mudar os valores, R$200 por abordagem e R$500 por abordagem bem sucedida.
Essa medida foi criticada por Anderson Miranda. Ele sustenta que essa modalidade de contrato enriquece as organizações sociais que trabalham com a prefeitura. Já o conselheiro de políticas públicas dos direitos humanos da prefeitura, Robson Mendonça, afirmou que foco da administração municipal deveria visar a melhoria da qualidade dos albergues.
A prefeitura promete melhorar os serviços oferecidos à população de rua, ampliando o número de vagas em albergues e também aprimorando a infra-estrutura e a qualificação pessoal dos funcionários que recebem essa população. O objetivo final desse programa, de acordo com o prefeito Bruno Covas, é fazer a reinserção do morador de rua dentro da sociedade.
Para atingir essa meta, a prefeitura promete para os próximos meses, editar um decreto onde empresas que têm contrato municipal destinem parte das vagas aos moradores em situação de rua. Além disso, a prefeitura afirmou que irá abrir mais de mil vagas em frentes de trabalho para a população de rua. E que irá investir mais de R$60 milhões no programa de locação social, verba que será utilizada para reforma de prédios no centro da cidade.
Atualmente a prefeitura disponibiliza 17 mil e 200 vagas de albergues para a população de rua.