A vereadora Monica Benicio, líder da bancada do PSOL na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e viúva de Marielle Franco, registrou nesta terça-feira (22) uma queixa-crime por ter recebido uma ameaça de estupro corretivo, como forma de mudar sua orientação sexual, chamada de aberração pelo agressor. Segundo a vereadora, a ameaça foi feita por e-mail, e já existe um suspeito do crime. Ela explicou que essa realidade tem sido a de muitas lésbicas.
“Estupro corretivo é infelizmente uma realidade para nós mulheres lésbicas, que é numa sociedade que acha que o corpo da mulher deve ser exclusivamente posse de um homem, quando isso foge a essa norma, isso é tido como uma aberração”.
A vereadora também confirmou que é a primeira vez que recebe ameaças com este tipo de teor.
“Já desde 2018, quando começo a lutar por justiça por Marielle e Anderson, cobrando a elucidação do caso, é comum que eu receba ameaças, seja virtual, seja através de outros meios, e até ofensas dentro da própria Câmara Municipal, nas ruas, mas com esse tipo de teor sim”.
A parlamentar também ressaltou que o crime pode estar relacionado com sua luta contra a lesbofobia, em especial em agosto, por ser o mês da visibilidade lésbica. Segundo ela, a luta e as atividades de seu mandato não vão parar por causa do ocorrido.
“Não é um acaso que atividades como essa, violências como essa, sejam cometidas no mês de agosto, que é o mês da visibilidade lésbica. Então o meu mandato vem fazendo uma série de ações para visibilizar a luta e a existência das mulheres lésbicas e a gente vai seguir nesta luta”.
O crime foi tipificado como intolerância, ameaça, violência política de gênero e equiparado ao racismo. Além de Monica, outras parlamentares feministas, como Bella Gonçalves, Cida Falabella e Manuela d'Ávila, têm sofrido ameaças de estupro corretivo e também de morte.