Neste sábado, 27 de janeiro, completam-se 79 anos da queda do campo de concentração de Auschwitz, onde mais de um milhão de judeus foram mortos pelo regime nazista. Um extermínio baseado na disseminação de discursos de ódio. A data também marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
A perseguição contra os judeus na Alemanha, que já viviam no país há 600 anos, começou após a derrota dos alemães na primeira Guerra Mundial. O curador do Memorial do Holocausto de São Paulo, Marcio Pitliuk, diz que o discurso antissemita foi usado por Hitler. "Grande parte das indústrias alemãs começam a apoiar isso, porque se beneficiaram. Começaram a confiscar empresas de judeus e passar para as mãos dos alemães. Então, foi um crescente que, em coisa de dez anos, conseguiram convencer os alemães de que os judeus é o mal do mundo e tinham que ser exterminados."
A professora Suzana Chwarts, do Centro de Estudos Judaicos da USP, explica que os nazistas acusavam os judeus de terem intenções genocidas. "Enquanto os nazistas conspiram para dominar o mundo e “livrá-lo” de pessoas de sangue impuro e infiéis à sua ideologia, bem ao estilo dos jihadistas, eles acusam os judeus de serem eles os conspiradores. Segue se a isso, um processo simples de demonização e desumanização do outro".
Mesmo depois do holocausto contra os judeus, outros casos de genocídios ocorreram no mundo, como na Iugoslávia, Camboja e Ruanda. A professora de pós-graduação da UNB, Simone Rodrigues, vê o discurso de ódio como um dos primeiros indícios. "Em Ruanda, né, se construiu muito a ideia de que os outros eram como “baratas”, que iam roubar o gado, que iam matar sua família. Esse medo constante, alimentado pelo discurso de ódio é um processo de quebra de empatia, um processo de desumanização do outro que leva um ser humano a matar outro ser humano."
Para a professora, o mundo avançou nas leis internacionais após o holocausto nazista, mas ainda precisa melhorar em termos de convivência e tolerância.
*Com produção de Renato Lima