Retorno do Manto Tupinambá ao Brasil tem cerimônia adiada
Foi adiada para setembro a cerimônia de celebração de retorno do manto Tupinambá ao Brasil. A peça, sagrada para os indígenas e utilizada em diferentes cerimônias e rituais, será apresentada para o público entre os dias 10 e 12 do próximo mês, no prédio histórico do Museu Nacional, na Zona Norte carioca.
Com plumagem avermelhada de aves e cerca de 1,20m de altura, o manto estava em um museu na Dinamarca há mais de 300 anos. De acordo com pesquisadores, ele teria sido levado no período colonial, durante a ocupação holandesa.
O retorno, no entanto, tem causado desentendimento entre lideranças Indígenas e representantes do Museu Nacional.
O Conselho do Povo Tupinambá de Olivença, no Sul da Bahia, publicou um vídeo em uma rede social mencionando “violência espiritual” e desencontros quanto à informação sobre a chegada do manto.
Em seu perfil, Jennyffer Branfor Tupinambá pede que a espiritualidade e a identidade de seu povo sejam preservadas.
“É um símbolo sagrado de nossa espiritualidade. Sua chegada de volta às terras brasileiras deveria ter sido acompanhada por um rito de respeito e honra. No entanto, nossa cacique foi informada da chegada do manto pelo WhastApp. Uma mensagem que ignorou completamente a importância espiritual e cultural desse momento para nosso povo”, declarou Jennyffer.
O Museu Nacional nega conflitos e afirma ter enviado comunicado aos indígenas sobre o ato para celebrar a repatriação do manto.
Segundo especialistas, o processo de repatriação é um marco histórico e joga luz na discussão sobre as inúmeras relíquias que foram levadas para o exterior e seguem fora do Brasil, expostas em museus ou integrando coleções de arte privadas em várias partes do mundo.