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Economia

Da locomotiva ao VLT: Campina Grande espera a volta do trem

Trem foi fundamental para escoar produção de algodão na cidade
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Clébio Melo, da Rádio Educativa FM
08/08/2024 - 10:13
Campina Grande
construção e operação de ferrovias, ferrovia, trilhos de trem
© Ricardo Botelho/Minfra

De 1907, quando chegou a primeira locomotiva, até o começo da década de 1980, quando o ramal foi desativado para o tráfego de passageiros, Campina Grande viu o desenvolvimento chegar e ficar.

De ponto de repouso para os tropeiros - comitivas de comerciantes a cavalo - a cidade se tornou a segunda maior da Paraíba e uma das mais importantes do interior nordestino. Ganhou o título de Rainha da Borborema, região geográfica onde está situada.

O progresso dos trilhos no passado e a esperança de um VLT no futuro.

Durante muito tempo, o trem ajudou a escoar a produção de algodão. Campina já foi a segunda maior produtora da fibra no mundo. E tinha outro título na época: a Liverpool brasileira, em alusão à cidade britânica líder no cultivo dessa mercadoria.

O Som da Memória e da Reinvenção

Fim da década de 1990. Com mais um título na história, o da cidade do “Maior São João do Mundo”, o trem retorna para compor a programação da festa junina conhecida nacionalmente.

Moradores e turistas se deslocavam entre a sede do município e o distrito de Galante ao som da música regional. Nos vagões, centenas de pessoas dançavam ao som dos trios de forró pé-de-serra.

E nova despedida. Em 2019, nem o trem animado resistiu às péssimas condições dos trilhos. O avanço urbano cobriu trechos da linha férrea. Sem manutenção adequada, o tempo também ajudou na deterioração.

De lá para cá, políticos locais cutucam essa ferida com frequência. Promessas e projetos surgem, de tempos em tempos, sobre revitalização da linha férrea e um transporte moderno que desafogue o sistema de ônibus: o Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT.

Esse tipo de transporte está em operação em João Pessoa desde 2015. Mais moderno, rápido e confortável, ajuda na mobilidade urbana da região metropolitana da capital do estado. O custo da tarifa é de R$ 2,50.

Em julho deste ano, mais uma esperança para a população campinense. Cerca de 15 quilômetros de linha férrea foram disponibilizadas pelo Ministério dos Transportes para a implantação da nova modalidade de transporte urbano. No mesmo mês, Vitor Ribeiro, superintendente do órgão municipal de trânsito e transporte público da cidade (STTP), conta que houve outro avanço.

“Estivemos em Brasília, na semana retrasada, acompanhando o PAC Seleções do Governo Federal. Um momento importante onde Campina foi contemplada com o projeto executivo do VLT. Foram mais de R$ 7 milhões para fazermos esse projeto e melhorarmos cada vez mais a mobilidade urbana. Um sonho antigo das pessoas. Os próximos passos são, agora, aguardar a parte burocrática junto à Caixa e ao Ministério para a assinatura de contrato e a gente começar, enfim, o projeto executivo do VLT em Campina.”

A promessa é que o novo transporte alcance áreas fundamentais da cidade, como os polos universitário, industrial, hospitalar, jurídico e comercial.

Para Francisco de Assis Oliveira, presidente do Sindilojas - Campina Grande, a tarifa acessível pode contribuir para uma maior circulação de pessoas no comércio.

“Pode ser, sim, uma boa opção para Campina Grande. Pode melhorar muito, principalmente, o setor comercial. Todo mundo vai ter direito a uma passagem, talvez mais barata, e isso é importante para Campina Grande. Eu acredito que [o VLT] venha porque já tem uma verba certa.”

Segundo o Ministério dos Transportes, no dia primeiro de novembro está previsto o recebimento final da área para pleno uso do município.

Com uma população em torno dos 420 mil habitantes, de acordo com o IBGE, um segundo sistema de transporte público facilitaria a mobilidade em Campina Grande. Hoje, a cidade possui apenas o transporte por ônibus urbanos.

A gestora de recursos humanos Sueli Andrade usa o transporte coletivo por ônibus e acredita que um novo sistema será positivo para a cidade.

“Para mim, eu vejo como positivo porque dá opções para a população. Vai dar oportunidades na parte do emprego, da questão social, mas também facilitar sair dessa coisa de só ter ônibus coletivo, ter também opções públicas.”

Com a esperança renovada, a cidade de Campina Grande aguarda ansiosamente o retorno do trem, símbolo de progresso e conexão para toda a comunidade.

Da Rádio Educativa FM de Campina Grande, Clébio Melo, para a Rádio Nacional.

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