O número de crianças e adolescentes sem acesso à educação no Brasil saltou de 1,1 milhão em 2019 para mais de 5 milhões em 2020. O dado faz parte de um estudo lançado nesta quinta-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação.
Sob o título "Cenário da Exclusão Escolar no Brasil - um alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na Educação", o levantamento detalha que, no ano passado, o número de brasileiros com idade entre 6 e 17 anos fora da escola chegou a 1,5 milhão.
A suspensão das aulas presenciais e dificuldade de acesso à internet e à tecnologia, entre outros fatores, fizeram com que esse percentual aumentasse ainda mais. 3,7 milhões de crianças e adolescentes dessa mesma faixa etária matriculados na escola não tiveram acesso a nenhuma atividade, seja impressa ou digital, e não conseguiram manter o aprendizado em casa. Com isso, o total sem acesso à educação em 2020 ultrapassou os 5 milhões.
De acordo com o estudo, as maiores porcentagens de crianças e adolescentes sem acesso à educação estão nas regiões Norte e Nordeste, em áreas rurais. Além disso, cerca de 70% daqueles sem acesso à educação são pretos, pardos e indígenas.
O chefe de Educação do Unicef, Italo Dutra, alerta para o fato de que a exclusão escolar voltou a atingir crianças de faixas etárias em que esse problema já tinha sido praticamente resolvido no Brasil. Ainda segundo Dutra, o número de excluídos hoje no país se assemelha à marca do início dos anos 2000.
Entre as recomendações para reverter esse quadro, o estudo lista a implementação de um sistema de busca ativa para identificar aqueles que estão fora da escola; a garantia de acesso à internet a todos; a realização de campanhas de comunicação comunitária; e a mobilização das escolas no enfrentamento a exclusão escolar.
Outra ação considerada urgente é a reabertura das escolas, medida que deve ser tomada seguindo os protocolos de segurança e de acordo com a situação de cada localidade.