Os casos de ameaças, uso de drogas e porte de armas em escolas chegam a ser 11% menores nas unidades com tempo integral de ensino médio se comparado com as escolas com horário regular, de meio período.
Este é um dos achados de um estudo do Instituto Sonho Grande. Por outro lado, os casos de violência explícita, que envolvem agressão física, roubos e atentados à vida, são praticamente os mesmos nos dois tipos de ensino.
A analista de Estudos e Avaliação do Instituto, Larissa Stolar, pondera que, se por um lado a violência explícita não foi reduzida, por outro, houve uma queda importante na chamada violência velada.
O levantamento revelou ainda que a redução nos índices de violência só foi observada nas escolas que ampliaram a carga horária junto com uma estratégia pedagógica própria, não sendo observada diferença nas unidades que ampliaram a carga horária por meio de atividades complementares no contraturno.
Para a pesquisadora Larissa Stolar, isso mostra que aumentar a carga horária, por si só, não mostrou resultados.
Uma das hipóteses da pesquisa é que, a partir do momento em que o jovem percebe que o ensino de qualidade pode ajudá-lo a garantir um futuro retorno salarial, por meio de uma maior qualificação profissional, ele tende a não se envolver com atividades violentas.
A pesquisa usou dados coletados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, o SAEB, que reuniu informações de gestores e professores sobre a violência nas escolas. Foram analisadas respostas sobre quase 13 mil escolas estaduais de Ensino Médio em 15 unidades da federação.
Em todo o país, segundo dados de 2020, 12% das matrículas no Ensino Médio foram em escolas com ensino em tempo integral.