Enquanto pelo menos 50 instituições federais de ensino têm professores em greve, em todo o país, o governo elabora mais uma proposta a ser apresentada para a categoria. É o que disse, nesta terça-feira (7), o presidente Lula.
"Eu nasci na greve. Então eu sempre acho que os trabalhadores têm o direito de se manifestarem. As pessoas sabem que também para atender é preciso que tenha recurso para fazer o atendimento. A mim não me encanta ver parte da Educação em greve. Eu quero que os professores, quero que os funcionários estejam tranquilo. Eu ontem tive uma conversa com a ministra Esther [Dweck, da Gestão e da Inovação]. E ela me disse hoje estava elaborando uma proposta para fazer ao sindicado dos professores. Eu espero que a gente faça um acordo o mais rápido possível porque a educação é imprescindível para o crescimento deste país".
A informação foi dada, nesta terça, durante entrevista a rádios de todo o país, no programa ‘Bom dia, Presidente’, da EBC, Empresa Brasil de Comunicação. Duas propostas de reajuste salarial foram recusadas pela categoria, representada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).
Ao responder perguntas de jornalistas, o presidente Lula comentou a tão falada desoneração e explicou por que o governo quer uma contrapartida para os trabalhadores.
"O empresário quer reduzir o que ele paga. Ele vai transformar isso em empregos novos? Ele vai transformar isso em aumento de salário? Ele vai transformar isso em estabilidade? Porque só desoneração do jeito que eles querem é só para aumentar o lucro. E nós queremos que tenha uma contrapartida. Quando nós entramos na Suprema Corte para que a gente suspendesse a desoneração, o objetivo é sentar na mesa e negociar. Diga o que vai fazer? Porque esse negócio de dizer que é pra manter o emprego, ninguém garante que mantém emprego. Qual é o contrato que diz que ele vai garatir emprego?"
Diante de debates sobre o déficit fiscal, no Brasil, Lula disse que é algo que não ocorre em outros países. Ele disse que não deve gastar o que não tem e disse ter responsabilidade fiscal.
"Ninguém me fale em responsabilidade. Porque essa eu tenho demais. Eu não vou gastar nunca mais do que o que eu preciso gastar. Olha, se o governo tiver que gastar dinheiro para fazer um ativo novo, alguma coisa nova, que aumenta o patrimônio do país, qual é o problema? O que eu não posso é ficar com um sistema financeiro só olhando o déficit fiscal e não olhar o déficit social. Olha as pessoas que estão desempregadas, que estão dormindo na rua, que estão passando fome! Eu fico agitado quando eu vejo muita notícia. Déficit fiscal e seriedade fiscal eu tenho. E já provei".
Lula também falou sobre a presidência do Brasil no G-20 este ano. Ele voltou a defender que seja debatida na cúpula do bloco uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, para que tenha efetividade em assuntos como a emergência climática e em conflitos como o da Faixa de Gaza.