Em apenas um mês, a professora desempregada, Cryhs Costa, dormiu em seis lugares diferentes, incluindo duas praças, onde passou diversas noites ao relento. E não está sozinha, ela faz parte de um grupo de cerca de 50 pessoas que peregrinam por prédios abandonados da cidade desde que foram removidos de uma ocupação em um terreno da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), no final de março. Desde a noite de sexta-feira (24), eles estão em um prédio de três andares no Centro da cidade. Chrys espera chamar a atenção do poder público para conseguir uma moradia definitiva.
Ela conta que morava em Manguinhos, na Zona Norte da cidade, mas não tem como pagar os R$ 500 de aluguel, já que a sua única renda atual são os R$ 240 concedidos pelo programa Bolsa Família e já sabe que vai ter que procurar uma nova parada, já que o grupo recebeu um ultimato do proprietário do prédio para deixar o local até terça-feira (28). Outro ocupante, que preferiu se identificar apenas como Júnior, acredita que não terá outra saída senão voltar para a rua.
A ocupação do terreno da Ceade, no final de março, foi feita por um grupo de cerca de 300 pessoas. Depois de serem removidos, uma parte seguiu para o prédio da antiga sede do Flamengo, na Zona Sul, de onde também foram retirados por força de uma decisão judicial. O grupo chegou a acampar na Cinelândia por dez dias, até serem retirados pela guarda municipal.
Na última semana, a prefeitura, o governo do estado e a Defensoria Pública fizeram um cadastramento das pessoas que participaram da ocupação da antiga sede do Flamengo para traçar um perfil dessas famílias e incluí-las em programas governamentais, mas não há prazo.
