"A alimentação que a gente leva, eles deixam jogada lá no canto, a comida chega vencida porque passa o dia todinho no sol quente."
O depoimento é da mãe de um detento da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, que preferiu não se identificar. Ela relata a situação de miséria e precariedade da instituição que há cerca de uma semana está sob intervenção federal.
Além da falta de alimentação fornecida pelo Estado, ela denuncia também a falta de condições de higiene que os presos enfrentam.
"Você entra, parece que você é uma carniça de tanta mosca nos quartos. Você não pode levar um remédio para barata. Nos quartos, você entra e é barata em cima de você todo tempo, é gente com tuberculose misturado."
Para a mãe do detento é preciso mostrar essa realidade nos jornais, porque, para ela, as denúncias nos canais oficiais, como o Ministério Público, não surtem efeito.
Mas, na última terça-feira (20), a pedido da Procuradoria-Geral da República, o governo federal fechou um acordo com o estado de Roraima em que transfere a gestão de presídios do estado para União.
O corregedor-geral do Departamento Penitenciário Nacional, Paulo Rodrigues da Costa, foi designado para administrar o sistema prisional de Roraima e já está no estado.
Durante a intervenção, os gestores terão poderes para ordenar despesas, requisitar documentos, ter acesso a processos de contratação e pagamentos, bem como praticar quaisquer atos necessários à gestão.