Esta semana, a analista financeira Kelly Gonçalves, de 21 anos, conseguiu amamentar a filha, Esther, pela primeira vez. A bebê tem 20 dias e está na UTI pediátrica da Santa Casa de Belém do Pará.
Nos primeiros minutos de vida, Esther foi submetida a uma nova técnica cirúrgica chamada Simil-Exit, criada na Argentina para tratar da gastroquise. Os bebês com essa condição nascem sem a parede abdominal, com as vísceras exteriorizadas. É o caso da filha de Kelly.
Kelly e outras duas mulheres foram incluídas este ano em um novo protocolo cirúrgico da Santa Casa de Belém, no qual o preparo das gestantes é fundamental. No dia marcado para o parto, a equipe médica faz uma cesárea e o bebê é operado ainda ligado à mãe pelo cordão umbilical. Pela técnica anterior, em que a criança era operada separada da mãe, a possibilidade de óbito chegava a 40%, por causa do maior risco de infecção.
Eduardo Amoras, chefe da cirurgia pediátrica da Santa Casa, fala sobre outras vantagens da nova técnica.
Uma quarta criança será submetida a essa cirurgia nos próximos dias na Santa Casa de Belém. Os três bebês e mães já operados passam bem. A capital paraense é a unidade de referência para o tratamento na região Norte. A nova técnica também já está disponível em São Paulo.
Em todo mundo, até o fim do ano, serão 100 bebês com gastroquise operados ainda conectados às mães pelo cordão umbilical. As pesquisas sobre as causas do problema congênito estão em andamento.
A principal suspeita é de que a falta de vitaminas no organismo da gestante possa estar relacionada com a má formação da parede abdominal do bebê. Por isso, os médicos alertam para a importância do pré-natal, disponível para todas as mulheres, gratuitamente, no SUS, o Sistema Único de Saúde.