O retorno das aulas presenciais na capital fluminense, nesta segunda-feira (7), traz de volta uma realidade preocupante para muitas crianças que vivem em áreas pobres e favelas.
Um estudo inédito revela que 74% das escolas cariocas registraram pelo menos um tiroteio no seu entorno em 2019, com a participação de policiais. Além disso, cinco unidades de ensino concentraram 20 ou mais operações na região onde estão instaladas.
As informações fazem parte da pesquisa do CESeC-Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, uma das primeiras instituições acadêmicas integralmente dedicadas ao campo da segurança pública no Brasil.
De acordo com o estudo da entidade, que é vinculada à Universidade Cândido Mendes, quanto mais expostas à violência, maior o contingente de alunos negros dessas escolas. E essa situação tem reflexos significativos na aprendizagem e no futuro das crianças e suas famílias.
Primeira estudo que relaciona o desempenho das crianças com a política de guerra às drogas, na cidade do Rio de Janeiro, o trabalho cruzou dados da plataforma Fogo Cruzado, com informações das próprias escolas sobre interrupções no funcionamento e do desempenho dos alunos.
A conclusão é de que o grupo que vivenciou seis ou mais operações policiais teve uma redução de 64% no aprendizado em língua portuguesa e, em matemática, perdeu todo o aprendizado previsto para o ano letivo.
O estudo também estimou que os alunos prejudicados na aprendizagem pela exposição à violência terão uma perda de 4% da sua renda no futuro, o equivalente a mais de R$ 24 mil.
A socióloga Julita Lemgruber, coordenadora do CESeC, avalia que a opção pelo confronto além de ineficaz é marcada pelo racismo contra as populações das favelas. E alerta que a normalização dos tiroteios no entornos de escolas é inconstitucional e seria inaceitável em qualquer país do mundo.
Julita Lemgruber defende que é urgente repensar a política de enfrentamento ao tráfico de drogas no estado.
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar afirmou que suas ações são baseadas em protocolos rígidos de atuação, com vistas à preservação de vidas.
O comunicado diz, ainda, que a maioria dos agentes vem das classes de base da sociedade e mais da metade deles são afrodescendentes. E que, por isso, não há qualquer viés racial na atuação da PM na sua missão de combater criminosos armados.
A nota destaca que opção pelo confronto é sempre uma decisão dos criminosos, que atentam contra a vida dos policiais e colocam em risco a população local.
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