Abandono. Esse é apenas um resumo da situação relatada pelos passageiros da Supervia, que opera o serviço de trens urbanos do Rio de Janeiro. A concessionária, que é responsável por uma malha ferroviária de cinco ramais, três extensões e 104 estações, atendendo 12 municípios, anunciou, no mês passado, que vai abandonar a concessão.
De acordo com a Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana, a concessionária continua trabalhando até que a situação seja resolvida, e não há prazo para a saída efetiva. A Secretaria também ressalta que o governo do estado vai discutir a melhor forma de transição do serviço, preservando a operação.
Mas nas estações os usuários reclamam que, após o anúncio, a situação dos trens, que já era ruim, ficou ainda pior. É o caso do faxineiro Thiago Tavares.
A estudante Roberta Alencar concorda.
O jornalista Sandro Aurélio torce para que a situação melhore com a troca da concessionária.
A Supervia está em recuperação judicial desde 2021. Entre os motivos alegados pela empresa para descontinuar o serviço estão prejuízo com furto de cabos, congelamento da tarifa e perda da receita com a pandemia. Mas essa última argumentação é questionada por especialistas. Ronaldo Balassiano, professor aposentado do Programa de Engenharia de Transportes do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é um dos que contestam.
Ele acrescenta que a nova concessionária deve ter, como uma das prioridades, o ajuste dos horários dos trens.
Em nota, a Supervia disse que nas duas últimas semanas passou a ofertar mais de 7 mil lugares e que, em outra frente, monitora a taxa de ocupação e adequa a operação sempre que necessário. A concessionária também lembrou que, por serem trem e metrô transportes de alta capacidade, uma das principais características desses modais em todo o mundo é a maior quantidade de pessoas viajando em pé.