Um Atlas Global de Política de Doação de Alimentos apresentado nesta terça-feira (6) mostra o cenário da fome em 24 países e fornece uma pesquisa sobre a legislação existente nessas nações para evitar a perda e o desperdício de alimentos e facilitar a doação. A plataforma é fruto de pesquisa da The Global FoodBanking Network e Harvard Law School, em parceria com o Sesc, e foi apresentada durante Seminário sobre Sistemas Alimentares, realizado em São Paulo.
Entre as recomendações para evitar o desperdício de alimentos no combate à fome estão a adoção de uma rotulagem dupla com critérios distintos de qualidade e segurança permitindo a doação de alimentos após a data da qualidade apontada no rótulo. O Atlas também recomenda o aumento de subsídios fiscais para doação de alimentos ou a imposição de penalidades monetárias a empresas que enviam alimentos para aterro sanitários, por exemplo.
De acordo com a plataforma, a cada ano, mais de 26 milhões de toneladas de alimentos no Brasil são perdidas ou desperdiçadas ao longo da cadeia de suprimentos. O que representa cerca 42% do abastecimento alimentar no país. Grande parte desse desperdício inclui alimentos nutritivos e seguros para consumo, que poderiam ser aproveitados, mas acabam em aterros, onde produzem metano, um potente gás de efeito estufa.
O aproveitamento de alimentos no Brasil vem sendo realizado por programas como o Sesc Mesa Brasil, que completa 30 anos este ano e é referência de rede privada de bancos de alimentos na América Latina. Claudia Roseno, gerente de assistência no Departamento Nacional do Sesc e gestora Nacional da Rede de Bancos do Sesc Mesa Brasil avalia que muito trabalho tem sido feito na área, mas que ele ainda é insuficiente quando se olha para os números da insegurança alimentar no país.
Segundo Cláudia Roseno, a rede Sesc Mesa Brasil recuperou mais de 48 milhões de quilos de alimentos, que foram entregues a instituições que assistem famílias em situação de vulnerabilidade. A rede colaborativa de doadores do Sesc Mesa Brasil tem de mais de três mil doadores e atende mensalmente uma média de duas mil pessoas em mais de 700 municípios.